Portugal teve o pássaro na mão durante largos minutos, mas vai acabar, muito provavelmente, como tantas outras vezes na sua história acabou: agarrado à calculadora.

Depois da derrota mais do que surpreendente na abertura do Euro sub-21, frente à Geórgia, a Seleção Nacional empatou este sábado diante dos Países Baixos (1-1), na segunda jornada do grupo A.

É um resultado assim-assim, diga-se. A equipa das quinas não está fora da competição, longe disso, mas também não vai para a última jornada propriamente confortável. Mas já lá vamos.

Rui Jorge não terá, naturalmente, gostado da imagem que os seus pupilos deixaram na partida de quarta-feira e quis mudanças, desde logo no onze inicial. Tomás Araújo (castigado), Afonso Sousa e Vitinha não repetiram a titularidade e deram os respetivos lugares a André Amaro, Samú Costa e Fábio Silva.

O FILME E A FICHA DO JOGO.

Mas o selecionador foi mais longe e mudou até a estrutura da equipa: Pedro Neto juntou-se a Fábio Silva na frente e Samú Costa reforçou o meio-campo, junto de Dantas, André Almeida e João Neves.

Menos bola, mais eficácia

E a estratégia lusa ficou bem evidente desde os primeiros momentos da partida. Menos romântica, diga-se, principalmente se tivermos em conta o historial de Rui Jorge.

Portugal não se importou de entregar a bola aos Países Baixos, baixou as linhas e procurou, sempre que possível, explorar as costas da defensiva neerlandesa. Daí, lá está, o tal reforço do meio-campo e a aposta em Pedro Neto na frente do ataque.

Aposta ganha, diga-se.

Aos 20 minutos, Dantas lançou o jovem do Wolverhampton na profundidade. Neto «bailou» alguns segundos à espera de apoio e depois entregou de bandeja o 1-0 a André Almeida, o mais ofensivo dos médios portugueses.

Mesmo com menos bola – e contra a corrente do jogo –, Portugal tornou a sua própria vida um bocadinho mais confortável.

Mas o plano acabou curto. Pedro Neto, enquanto teve pernas, foi sempre uma dor de cabeça para os adversários, mas nunca teve o acompanhamento necessário para fazer mais mossa na defesa da Laranja Mecânica. A bola chegava pouco ao ataque das equinas e, para ajudar a festa, Fábio Silva fez um jogo de muito mais transpiração do que inspiração.

Do outro lado, e mesmo com uma linha defensiva mais recuada, Alexandre Penetra e André Amaro iam chegando para as investidas neerlandesas, lideradas por Brian Brobbey, o avançado do Ajax que, além de goleador, é um poço de força difícil de segurar.

De calculadora na mão, um clássico nacional

Até ao minuto 78, e depois de uma desatenção de Celton Biai – ele que até é conhecido por «Pássaro Negro» – que deu canto para os Países Baixos. Daí resultou o empate, da autoria de Brobbey (pois claro) que deixou os pupilos de Rui Jorge numa posição – novamente – bem menos confortável.

É que Portugal, voltamos ao início, vai para jogo com a Bélgica de calculadora na mão. Sem o pássaro, mas com a calculadora: a Seleção Nacional tem de vencer a Bélgica na última jornada e esperar que os Países Baixos não ganhem à Geórgia. Se os neerlandeses triunfarem, é game-over para os rapazes das quinas, pois perdem no confronto direto com os georgianos.