Este fim de semana realizou-se a última jornada da 3ª fase da Taça da Liga e já estão encontrados os semi finalistas. Não sem mais uma confusão para ser tema de conversa durante uns tempos.

Esta competição, criada com bons princípios, vem sofrendo danos e tem visto ser-lhe retirada credibilidade ao longo do tempo pelos diversos problemas nela criados.

O futebol português não consegue fugir de um clima de atrito, de suspeição, de incompetência, com a verdade desportiva a ser questionada.

Quem dirige não ajuda.

A uma Liga Profissional exige-se um comportamento profissional e não é isso que assistimos.

Este último episódio, referente ao início dos jogos envolvendo FC Porto e Sporting (o penúltimo foi a marcação do jogo Benfica-Gil Vicente para o estádio do Restelo) diz bem do funcionamento da nossa Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

Se os jogos estão marcados para a mesma hora é para começarem ao mesmo tempo. Os jogos têm delegados da Liga que devem zelar pelos interesses do jogo e da competição. Se uma das equipas desses jogos, por qualquer razão, seja ela qual for, demora a sua entrada em campo, os delegados têm de comunicar entre si. E os jogos só devem começar quando todas as equipas estão prontas para o seu inicio.

Isto é respeitar a competição, as equipas, os jogadores, os adeptos e quem gosta de futebol. Se queremos um futebol saudável, credível e transparente é preciso agir e mudar.

O que se pretende com a Taça da Liga

A Taça da Liga foi criada para dar mais jogos à maioria das equipas. Sem dar a possibilidade de presença na Europa, o prémio é monetário e tem sido importante para muitas delas.

Outro dos seus objectivos era também ser um momento de integração para os jovens jogadores. Por isso, obrigava a utilizar um número, apesar de reduzido, de jogadores formados localmente, e um outro de jogadores utilizados nas duas jornadas anteriores.

Se olharmos para os números sobre a utilização de jogadores portugueses na Liga Portuguesa verificamos que anda na ordem dos 47%.

O número de jogadores estrangeiros continua a ser superior mas, lentamente, a inversão vai sendo feita.

Na passada semana, foram vários os estudos internacionais sobre as diversas ligas europeias e o número de jogadores a actuar em cada uma delas. A revista MF Total também teve artigos interessantes sobre a questão da formação: quem joga, quem aposta e por andam os jogadores portugueses. Esta semana o Sindicato dos Jogadores de Futebol Profissional também faz o balanço da utilização do jogador português nas duas Ligas. Muita informação para percebermos onde estamos e para onde queremos ir.

O que se nota ? Pouca melhoria na I Liga e um ligeiro decréscimo na II Liga onde, mesmo assim, há 67% de jogadores portugueses em ação.

Tendo como base estes números, olhei apenas para esta jornada da Taça de Liga e verifiquei dados interessantes.

Nos oito jogos disputados foram utilizados 224 jogadores. 114 eram estrangeiros (50,9%) e e 110 portugueses (49,1%). O equilíbrio é a nota mais evidente, mas as circunstâncias da competição, e os jogos sem interferência na passagem para a fase seguinte, ajudaram a ter estes números. Exemplo maior é o Benfica que fez jogar
dez portugueses nos 14 utilizados. Uma excepção nos últimos anos.

As equipas que apresentaram mais jogadores estrangeiros foram o FC Porto com 11 (78,5%), o Maritimo com 10 (71,4%), o Braga com dez (71,4%) e o Rio Ave que apresentou sete (50%).

As equipas que apresentaram mais portugueses foram o Penafiel com 13 (93%), o Leixões com 12 (85%) e o Benfica e Estoril com dez (71%). Paços de Ferreira, Setubal com nove e Sporting, Covilhã, Nacional, Belenenses e Gil Vicente apresentaram-se com oito.

Destes 110 portugueses, 38 tinham até 21 anos, o que dá uma percentagem de 34,5% nos portugueses utilizados e de 17% no total.

E em relação aos jovens utilizados é justo destacar algumas equipas.

Desde logo o Nacional, que apresentou cinco jogadores abaixo dos 20 anos.
Com os seus adeptos habituados a ver normalmente uma equipa com muitos estrangeiros, o número de portugueses presentes, muitos deles jovens, diz bem do pensamento que vai na Choupana.

O Sporting tem um caminho feito e por isso não é de estranhar os quatro jogadores abaixo dos 21 anos.

V. Setúbal e Estoril, também com quatro jogadores, aproveitam a sua formação e vão dando oportunidades. Para os lado do Sado os quatro foram titulares; no Estoril a surpresa veio do banco: Marco Silva lançou três jovens,
Leandro, Ricardo Vaz e Rui Caniço que, com os seus 18 anos, passou a ser o primeiro jogador na história do clube a ser lançado na equipa principal, ainda com idade de júnior.

Também aqui Marco Silva vai dando sinais do que pretende e qual o caminho a seguir.

Na II Liga todos merecem destaque. Aqui a aposta no jogador português e nos jovens é uma realidade.

Em Matosinhos, dos 14 utilizados pelo Leixões, como já referi, foram 12 os portugueses. Mas os seis jogadores ( cinco no onze inicial) abaixo dos 21 anos são sinal revelador de um caminho que não pode ter retorno.

Em Aveiro, foram nove os portugueses utilizados e, destes, quatro estavam abaixo dos 21 anos.
Bons indicadores.

Em Penafiel, foram dez os portugueses que iniciaram o jogo. Sob a liderança de Miguel Leal, a equipa vai construindo as bases e a boa resposta no jogo e o segundo lugar na II Liga não surgem por acaso.
Nota para o internacional sub 21 Aldair, formado nas escolas do clube que registou o seu nome na ficha do jogo, com um remate espectacular que resultou num grande golo.

O que esta jornada vem provar a meu ver, é que não há que ter medo de dar oportunidade aos jovens. A continuidade depende do seu rendimento (e não só) mas as respostas têm sido positivas. As apostas na formação e no jovem jogador português têm de ser o caminho. O processo está ser lento, com pequenos passos, mas a realidade tem de ser esta.