Cinco estreias no onze, mais uma de um miúdo de 17 anos, que joga como um sénior, e ainda outra do regressado Nelson Oliveira. Um currículo quase imaculável na Taça de Portugal com equipas da II Liga – repita-se o quase -, mas uma carga de trabalhos nesta eliminatória em que o Sp. Covilhã recebeu o Benfica e durante muito tempo foi feliz. Porém, aqui junto à Estrela não há nenhum jogador com o brilho de Jonas. O que não é vergonha nenhuma, porque no Benfica, por exemplo, parece que com aquela inteligência para atuar naquele lugar só mesmo o brasileiro ex-Valência, a melhor notícia da noite para os da Luz, para além do 3-2 final.

O efeito da Taça de Portugal quase se esvaziou no Complexo Desportivo da cidade beirã. E isso só não aconteceu mesmo por causa da grande atitude da equipa de Francisco Chaló. As forças eram desiguais e seria difícil para qualquer formação sofrer um penálti e um golo logo nos dois minutos iniciais de jogo. A ingenuidade de Tiago Moreira foi punida por Jonas, que começou assim uma noite estelar,.

Mas convém fazer um parágrafo inteiro para o Sp. Covilhã, que reagiu de pronto e empatou, ao aproveitar um erro de na defesa encarnada. Do lado verde e branco das bancadas, a festa soltou-se e a Taça voltou a ser Taça, com quem seguia o jogo em suspenso para ver o que sucederia. Aqui, também os serranos são conhecidos por leões e foram-no no resto do tempo. É verdade que Pizzi teve a melhor ocasião, mas quem percebeu a estratégia covilhanense não podia dizer que, ao intervalo, houvesse uma grande injustiça no marcador: Erivelto fizera o 2-1 em cima do descanso e colocava a nu as deficiências defensivas de uma equipa que não as pode ter. Pelo menos, daquela forma, com destaque para o golo de Traquina.

O Benfica partiu então para a segunda parte em desvantagem. Mas também tinha na partida três futebolistas que entendem bem o jogo e tomaram nele uma série de decisões corretas, que, aos poucos, abriu a defesa serrana.

Jonas esteve sempre no centro de tudo. O modo como jogou entre linhas, em poucos toques, a distribuir e a fazer a equipa chegar à frente. Ao lado, um rapaz de 17 anos, que saía da linha para o interior (e aí, diga-se, muito melhor À direita do que à esquerda) e consegui criar espaços. Um pouco atrás, Pizzi, que com bola é melhor do que sem ela e conseguiu com os outros dois subir o Benfica no terreno, em crescendo.

Ainda assim, foi Cristante que descobriu Jonas no ataque. O passe do italiano foi soberbo, a finalização do brasileiro também. Os encarnados entravam em controlo aparente do jogo, com o empate. Aparente porque os verdes e brancos da serra já tinham mostrado na primeira parte que podiam voltar a ele, caso o Benfica deslizasse de novo.

Entre o 2-2 e o 3-2 com que terminou o jogo, as águias tiveram ocasiões, os serranos não. Ou seja, a equipa dita grande estava mais próxima de o ser e de o confirmar no marcador. Quando Jonas fez o golo do triunfo a completar o hat-trick, foi apenas uma coisa da natureza do futebol: as diferenças de qualidade nos jogadores refletiram o resultado final. Já a exibição de uma equipa e outra foi bem mais próxima.

Em suma, o Benfica sai da Covilhã com os habituais titulares de descanso e as segundas linhas com minutos; saiu com a certeza de que Jonas é um jogador para agora e que Gonçalo Guedes e Pizzi são-no para o futuro.