Segundo garantiram à «Lusa» diversas fontes ligadas ao processo, os mandatos dos actuais órgãos sociais do BCP estão desfasados uns dos outros temporalmente: o mandato do Conselho de Administração, presidido por Filipe Pinhal, termina no final deste ano, e o Conselho Geral e de Supervisão, presidido por Jardim Gonçalves, só acaba no final de 2008.

A proposta foi enviada a accionistas e também aos órgãos sociais do banco, esperando agora os promotores da iniciativa, liderada depois da assembleia geral de Agosto, pela Teixeira Duarte, que estes se pronunciem.

Um dos accionistas contactados pela agência Lusa adiantou que ainda não analisou em pormenor, mas «há uma grande identidade» entre o projecto que foi agora apresentado e o que foi levado à AG de Agosto.

Recorde-se que essa AG foi convocada por um grupo de accionistas, no seio do qual Joe Berardo assumiu o protagonismo, que queria para o banco o chamado modelo monista, um Conselho de Administração alargado, com parte dos integrantes nomeados por accionistas e outros independentes, de onde sairia depois uma Comissão Executiva, e um Conselho Fiscal também eleito em Assembleia Geral, acabando o modelo dualista, em que a fiscalização é feita pelo Conselho Geral e de Supervisão.

Teixeira Duarte, com 6,4 por cento do capital do BCP, que confirmou oficialmente à agência Lusa que lidera «um tratado entre accionistas», e Joe Berardo, o maior accionista individual, também com mais de 6,0 por cento, aparecem agora do mesmo lado, depois de na última AG terem sido os protagonistas de lados opostos.

«Abriu-se um novo capítulo em que a lógica é passarem a ser os accionistas a reconfigurar os órgãos sociais do banco e já não, como até aqui, esse poder estar nos próprios órgãos de governação», disse um dos intervenientes no processo negocial.