A Tunísia está a um pequeno passo de participar no seu quinto Campeonato do Mundo depois de ter sido repescada pela FIFA para a última fase de qualificação africana na sequência da eliminação de Cabo Verde na secretaria.

Recorde-se que a seleção cabo-verdiana venceu a Tunísia por 2-0 no último embate entre as duas equipas na fase de qualificação, mas a utilização irregular do jogador Fernando Varela (que estava suspenso) levou as instituições internacionais a darem a vitória aos tunisinos por 3-0, permitindo que jogassem o play-off com os Camarões. Neste domingo, a Tunísia fez o primeiro de dois jogos decisivos e empatou 0-0, tendo agora de sofrer na casa do adversário (em Yaoundé, na quinta-feira) para poder viajar para o Brasil.

A tristeza de Cabo Verde transformou-se na euforia dos tunisinos, que no espaço de poucos dias transforam o desespero em alegria. A derrota por 2-0 com os cabo-verdianos tinha sido uma enorme desilusão e levou mesmo a federação a despedir o treinador Nabil Maaloul. A notícia de que as «Águias do Cartago» tinham sido repescadas obrigou os responsáveis a encontrarem uma outra solução para selecionador e o nome escolhido foi o holandês Ruud Krol.

«Quando recebi a notícia nem queria acreditar no que estava a ouvir. Num minuto estávamos no fundo do poço e no outro estávamos de regresso à estrada e a caminho do Campeonato do Mundo. É uma oferta de Deus, um milagre», reconheceu o avançado Khelifa ao site da Fifa.

As comparações com a situação da Dinamarca em 1992, que foi chamada à última hora para o campeonato da Europa por exclusão da Jugoslávia, começaram logo a ser estabelecidas. «Claro que me lembro dessa situação. Eles falharam a qualificação, foram chamados quando já não estavam à espera e acabaram por vencer o torneio. Aproveitaram a oportunidade e agora acho que devemos tentar retirar inspiração desse exemplo», acrescentou o jogador do Marselha.

O último embate com os Camarães está a ser, por isso, encarado de uma forma muito especial: «Não podemos relaxar e temos de lutar muito para conseguirmos construir a possibilidade de chegarmos lá. É o maior jogo das nossas carreiras».

À procura da história

A Tunísia já esteve presente em quatro Campeonatos do Mundo. A estreia aconteceu em 1978, na Argentina, e logo com um dado muito significativo, pois foram a primeira seleção africana a ganhar um jogo no Mundial, derrotando o México por 3-1. Seguiu-se a derrota com a Polónia e um empate com a RFA, o que os afastou da fase seguinte.

Tiveram de passar vinte anos até que os tunisinos pudessem voltar a disputar uma fase final do campeonato do mundo. Em 1998 foram a França, mas com menos sucesso, pois empataram com a Roménia e perderam com a Inglaterra e a Colômbia. O mesmo pecúlio foi alcançado quatro anos depois, empatando com a Bélgica e perdendo com a Rússia e o Japão. Em 2006, na Alemanha, não foi diferente: empate com a Arábia Saudita, derrota com Espanha e Ucrânia.

A seleção atual não tem grandes estrelas, como também não teve no passado (as maiores figuras do passado foram Francileudo Santos, Adel Sellimi ou Radhi Jaidi), mas o grande nome é Issam Jemaa. O maior goleador da história da equipa nacional da Tunísia (36 golos em 80 internacionalizações) tem 29 anos e joga no Kuwait SC, depois de uma carreira em França, com passagens pelo Lens, Caen, Auxerre e Brest.

Quase todos os jogadores do núcleo duro da seleção jogam na Tunísia e os que atuam fora fazem-no quase sempre em França ou na Suíça: o defesa Yahia está no Lens, o médio Khazri atua no Bastia e Khelifa está no Marselha, há dois jogadores no Zurich (Chikhaoui e Chermiti) e um no Lucerna (Mikari). Ben-Hatira e Allagui são do Herta de Berlim e há ainda um jogador na Roménia e outro na Turquia.