Andriy Yarmolenko, avançado do West Ham, revelou que o futebol permitiu-lhe distrair-se das atrocidades da guerra na Ucrânia e «não enlouquecer» com as imagens de destruição do seu país. O avançado tinha mandado a mulher e os filhos para Kiev na véspera do início da guerra, mas agora está mais descansado, com o regresso dos mais próximos a Londres.

O avançado ucraniano foi, inicialmente, dispensado pelo West Ham, mas depois do jogador ter conseguido trazer a mulher e os filhos para a capital inglesa, preferiu voltar a jogar e até marcou nos dois primeiros jogos que fez, ao Aston Villa e Sevilha.

«O David Moyes disse-me que podia escolher entre treinar e não treinar e que tinha de fazer tudo para garantir a segurança da minha família», começou por contar o avançado no canal de Youtube Football 1/2/3.

«Precisei de continuar a ser profissional e decidi voltar. Estava a enlouquecer, precisava de uma distração. Mas mesmo agora, nem sei quais são os resultados das outras equipas. Mal acaba o treino, recebo uma chamada de casa», prosseguiu.

O regresso aos treinos e aos jogos servem de distração, mas a verdade é que Yarmolenko não consegue abstrair-se do que está a acontecer aos compatriotas. «É assustador falar nisso. Temos de nos ajudar uns aos outros. Se não o fizermos, ninguém o fará. Tenho a certeza que não vamos ser derrotados por qualquer país. Ninguém vai conseguir quebrar o nosso espírito», destacou o internacional ucraniano.

A verdade é que Yarmolenko está mais descansado com a família mais próxima, que residia em Kiev, agora em Londres. «Quando tudo começou, a 24 de fevereiro, nem conseguia falar. Não parava de chorar e pedi ao treinador para me deixar ir para casa», recorda.

Uma guerra que apanhou Yarmolenko totalmente desprevenido. «Nem acreditava que pudesse acontecer. Mandei a minha família para Kiev porque um dos meus filhos tinha uma consulta médica. Imaginei o que senti no dia seguinte. Só queria dar cabeçadas nas paredes. Que tolo que fui em enviar a minha família para Kiev e ficar aqui sentado em Londres», referiu ainda.

Yarmoleko nasceu na Rússia, em São Petersburgo, mas cresceu em Chernihiv, na Ucrânia, onde ainda tem vários familiares.