Leonid Stanislavsky, que detém o recorde do Guiness como o tenista mais velho do mundo, com 97 anos, está determinado em sobreviver ao bombardeamento de Kharkiv, onde vive, na Ucrânia, para poder chegar aos 100 anos e cumprir um dos sonhos da sua vida: defrontar Roger Federer.

Quatro meses depois de ter cumprido o sonho de jogar com Rafael Nadal, outro dos seus ídolos, o veterano tenista passa agora por um dos maiores pesadelos da sua vida. «Espero viver até aos cem anos e sobreviver a esta situação assustadora. A guerra começou no dia 24 [de fevereiro] e desde esse dia até hoje praticamente não saí. Tenho estado em casa, tenho mantimentos, o frigorífico está cheio. Estou sentado em casa, não vou a lado nenhum», começa por contar o veterano jogador à agência Reuters.

Apesar do som constante das bombas russas, Stanislavsky conta que não tem problemas em dormir à noite. «A minha filha Tanya está na Polónia, ela quer que eu vá para lá, mas decidi ficar. Ouço muito mal, portanto durmo à noite e não ouço nada. Na última noite houve um bombardeamento, de manhã soaram as sirenes de alarme mais uma vez», conta.

Stanislavskyi já tinha sobrevivido à II Grande Guerra Mundial quando era engenheiro e ajudou os soviéticos a construir aviões para combater a Alemanha Nazi. «Nunca pensei que tivesse de passar por outra guerra, com pessoas a morrer dos dois lados, mães a perderem os filhos e mulheres a perderem os maridos. O que é isto? Estamos no século XXI, não pode haver guerras. Tem de haver um entendimento», prosseguiu.

Para Stanislavskyi, o fim da guerra será a única forma de poder voltar a jogar ténis e poder voltar a participar no Mundial de Seniores, na Florida, no próximo mês. O veterano tenista começou a jogar aos 30 anos e, desde então, treina três vezes por semana. «O ténis é a minha vida. Joguei ténis a um nível sério a partir dos 90, joguei no estrangeiro, em torneios seniores, em torneios europeus», referiu.

O maior desejo de Stanislavski é poder voltar a pegar na raqueta. «Não tenho medo de ninguém… Espero que a guerra acabe e possa voltar a jogar. Podia ter ido para a Polónia e podia jogar lá. Mas decidi ficar em casa e esperar pelo fim da guerra», destacou ainda.