Os portugueses estão cada vez mais dependentes do exterior quando chega a hora de pôr a comida na mesa.

Mais de 85% dos cereais vêm de fora e as leguminosas só cobrem 13% das necessidades. Num país de alimentos importados, o vinho, ovos e mel ainda são produtos da terra, escreve a «Lusa».

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), entre 2003 e 2006 o consumo de cereais manteve-se estável: os portugueses consumiram cerca de 1,3 milhões de toneladas de cereais por ano. Com um mercado nacional a produzir cada vez menos, os vendedores precisaram de recorrer ao mercado externo.

Agricultores deixaram de produzir

Há 18 anos, os campos nacionais de cereais e arroz produziam quase metade do que os portugueses consumiam. Treze anos depois, a produção destes produtos diminuiu, cobrindo apenas 27,4% do consumo anual.

Hoje, «as farinhas têm de ser importadas porque não há quantidade suficiente nem para fazer o pão e os bolos», lembrou Domitília Lopes da Silva, secretária-geral da Associação Nacional de Comerciantes e Industriais de Produtos Alimentares.

«Muitos agricultores deixaram de produzir», lembrou a responsável da associação que em poucas palavras ilustra a situação da agricultura portuguesa: plantações artesanais, produções pequenas, IVA muito elevado e preços pouco competitivos.

Também no que diz respeito às «carnes e miudezas» assiste-se a uma redução da presença destes produtos nas prateleiras dos supermercados, que chegaram a representar noventa por cento do necessário na década de 90. Hoje, quase um terço já vem de fora.