A 24 de abril, um golo de Lima, a seis minutos do final, dava ao Benfica uma vitória tangencial sobre a Juventus (2-1), na primeira mão da meia-final da Liga Europa. Com o clima de festa reforçado pelo empate de Turim e a passagem à final, uma semana depois, poucos poderiam prever que, seis meses depois, os adeptos encarnados continuariam à espera de um novo triunfo na Europa.

Desde o triunfo encarnado sobre a vecchia signora, seguiram-se cinco jogos nas competições da UEFA: dois nulos de sabor antagónico nas decisões da Liga Europa, com Juventus e Sevilha. Depois, duas derrotas contundentes na Liga dos Campeões (Zenit na Luz, 0-2 e Leverkusen na Alemanha, 1-3) e novamente um empate sem golos, e com pouco sal, no Principado, há duas semanas.

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A sequência negativa é invulgar para os padrões europeus dos encarnados: na era Jesus, só tem paralelo com outro ciclo de cinco jogos sem ganhar, entre março e outubro de 2012 (jogos com Chelsea, duas vezes, Celtic, Barcelona e Spartak). E em todo o historial do Benfica na Europa, só uma vez se registou algo pior: os oito jogos sem ganhar entre novembro de 1999 e setembro de 2003, um ciclo com três treinadores (Heynckes, Mourinho e Camacho), pontuado por cinco derrotas e três empates, num período intercalado com duas épocas sucessivas de ausência das provas europeias (2001/02 e 2002/03).

A realidade competitiva do Benfica, tanto interna como externa, já nada tem a ver com esses tempos. E, também por isso, surge como lógica a evidência assumida por Jorge Jesus na antevisão do encontro, nesta segunda-feira: vencer o Mónaco é uma obrigação, não só para manter aceso o sonho do apuramento, mas também para evitar que esta terça, na Luz, os adeptos se confrontem com o maior jejum europeu da última década.

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Com a baixa de Lisandro (castigado) a juntar-se às de Ola John, Fejsa e Rúben Amorim, o Benfica parte para o jogo condicionado pelo enigma recorrente a meio-campo, com o parceiro de Enzo Pérez como ponto de interrogação – uma dúvida que implica com as funções a desempenhar pelo argentino, e sobre cuja solução Jesus se recusou a deixar pistas.

Já a evidente quebra de eficácia ofensiva dos encarnados nas provas europeias – que não se verifica em termos domésticos, já que a equipa soma mais cinco golos na Liga do que há um ano por esta altura – é, para Jesus, um problema meramente circunstancial. O técnico encarnado optou por desvalorizar os números – um golo em três jogos, e média de apenas três remates enquadrados com a baliza nestes três primeiros jogos, que fazem do ataque encarnado um dos mais ineficazes da competição - e, mesmo sem poder contar com o efeito-Jonas, sublinhou a convicção de que a qualidade e fantasia encarnadas vão voltar esta noite.

Uma convicção estimulada pelos antecedentes claramente favoráveis do Benfica, em confrontos caseiros com equipas francesas (nove vitórias, quatro empates e nenhuma derrota). Mas, acima de tudo, uma convicção tornada obrigatória pelas circunstâncias e pelos passos em falso nas jornadas anteriores. Não há outro caminho: as contas do grupo confirmam-no, e os adeptos sentem-no, mais do que ninguém.