Não há nada como o cheiro a Champions League.

E mesmo que o jogo deste domingo no Estádio da Luz não tenha sido de Liga dos Campeões, o cheirinho à Prova Milionária ainda se sentia no ar, nas bancadas, na relva.

Talvez por isso o ambiente na Luz tenha estado um bocado acima do esperado, dada a pobre prestação que os encarnados têm tido no campeonato, e talvez por isso a própria equipa do Benfica tenha entrado na partida razoavelmente bem. Empolgada.

Porque lá está, a vitória importantíssima a meio da semana em casa do Ajax ainda ecoava decerto na cabeça dos jogadores orientados por Nélson Veríssimo.

Ora, este Estoril não é o Ajax, mas deu muito bem conta do recado depois dessa entrada forte das águias. Moralizado pelo triunfo com o Portimonense, o conjunto de Bruno Pinheiro rapidamente se recompôs e levou o jogo para onde lhe interessava mais: parada e resposta.

De facto, apesar do bom início, o Benfica não demorou muito a mostrar-se desconfortável no relvado, como tantas outras vezes se tem mostrado sob o comando de Veríssimo.

Na frente, os encarnados foram sempre ameaçando a baliza de Dani Figueira, até porque o Estoril não esteve, de todo, tímido a atacar. Mas lá atrás, Vlachodimos não se livrou de alguns calafrios. Aos nove minutos, por exemplo, Mboula atirou ao poste.

Rafa, vitamina para a ressaca

Esta era, portanto, uma ressaca europeia que se afigurava difícil para as hostes da Luz. Só Rafa, com arte e engenho, soube curá-la a tempo de evitar males maiores.

Aos 33 minutos, e depois de algumas oportunidades junto das duas balizas, o internacional português fez um golo digno do prémio Puskás, com uma arrancada de 70 metros que só acabou com a bola na baliza de Dani Figueira. Um grande golo e uma grande vitamina para a ressaca das águias.

As dores de cabeça de Veríssimo acalmaram no resto da primeira parte, mas ameaçaram complicar-se logo no reatar da partida. Vertonghen, decisivo, negou o golo do empate a André Franco com um corte em cima da linha de baliza.

Quem não marca, sofre

O Estoril não marcou e, como tantas vezes acontece no futebol, sofreu.

Gonçalo Ramos estava a ser um dos melhores em campo até ao momento e aos 54 minutos ganhou o direito a ser o homem do jogo, com uma boa finalização para o 2-1, e após uma boa jogada de entendimento com Rafa e Gilberto.

Com meia-hora para jogar, o Benfica geriu, depois das emoções fortes de Amesterdão, e o Estoril foi tentando aqui e ali reentrar no jogo, quase sempre sem grande sucesso. Teve-o nos descontos, com o golo de André Franco, mas aí já era tarde demais.

Na ressaca pós festa europeia em Amesterdão, e sem os convidados Darwin e Taarabt – castigados –, o Benfica viveu alguns sustos, mas livrou-se de uma dor de cabeça que poderia aumentar ainda mais a distância para o Sporting.

Agora vêm lá duas semanas de descanso, que depois há mais. Para as duas equipas.