A ameaça do padre Júlio Pereira, diretor da Casa de Gaiato de Paço de Sousa, cumpriu-se mesmo. Esta segunda-feira, um dos jovens que se recusa a jogar no clube de futebol da instituição e quer jogar no clube local, foi expulso. «O padre já tinha dito que eles dormiriam lá na noite passada, mas que iria mandá-los embora um a um. Esta manhã, a carrinha da Casa do Gaiato foi levar o primeiro aluno à estação de São Bento, no Porto», contou ao Maisfutebol Sílvio Silva, presidente do FC Paço de Sousa, que tenta ajudar os jovens nesta questão.

Concretizada a expulsão, e como «eles são como uma família, os colegas foram ao Porto buscá-lo de volta», adiantou.

Veja o testemunho de um dos jovens


Os jovens em causa, todos entre os 17 e os 20 anos, amantes da bola, apaixonados pelo futebol, querem dar o salto para o clube da freguesia, mas o diretor não deixa. «O padre Júlio proibiu os miúdos de jogarem no nosso clube. Nós obedecemos e eles deixaram de vir. Mas eles não gostam do treinador da equipa da Casa do Gaiato. Por isso, no sábado, não foram ao treino. Estavam a jogar futebol noutro local da Casa e o padre tomou isso como uma afronta», explicou.

Contudo, agora os ânimos parecem ter serenado. «A população ficou muito revoltada e, com o alarido que se criou na comunicação social, ele agora está mais calmo e reconsiderou. Diz que os aceita em casa se eles pedirem desculpa», disse ainda o presidente do FC Paço de Sousa.

«Eles não querem pedir desculpa porque não fizeram nada de mal, mas eu estou a tentar convencê-los. Agora o mais importante é que eles não sejam expulsos e que fiquem juntos», frisou.

O Maisfutebol não conseguiu chegar à fala com o responsável da Casa do Gaiato, que este domingo disse ao «JN» que esta situação é «um caso de indisciplina grave» e que as regras proíbem desde sempre os jovens de jogarem noutros clubes.

Sílvio Silva sempre viveu em Paço de Sousa, paredes-meias com a Casa do Gaiato e recorda as coisas de outra forma. «Os meus melhores amigos são ex-estudantes daqui, habito a 100 metros. Nunca houve problemas com a presença deles no nosso clube. As regras são as pessoas que as fazem. Mas desta vez, o problema é diferente: o padre quer obrigá-los a jogar na equipa da Casa. E os miúdos não gostam do treinador», explicou o dirigente.

«O Zé António (FC Porto B) e o Bebé (Paços Ferreira) foram alunos da Casa e a dada altura tiveram autorização para jogar em clubes externos. É o que se pede aqui também».