De Razgrad para Málaga, com muito futebol nos pés. Fábio Espinho é a prova viva de que as oportunidades no futebol não têm um prazo de validade definido. Quase com 30 anos (18 de agosto), o médio formado no FC Porto - 14 temporadas de dragão ao peito - salta do Ludogorets, grande dominador do futebol búlgaro, para o ambicioso Málaga.

Na primeira entrevista após a oficialização da mudança, Fábio Espinho confirma ao Maisfutebol as características que deixa transparecer nos relvados: confiança, lucidez e maturidade numa conversa à beira-mar, a poucos metros da areia onde o médio começou a apaixonar-se pelo futebol. 

Começamos pela transferência que coloca Fábio na liga espanhola, mas passamos por outras paragens importantes: a ligação ao FC Porto, os anos felizes no Ludogorets, o desgosto por ter sido até agora esquecido pelos selecionadores nacionais, a forma rara como foi contratado por Vitor Pereira, o encontro com Cristiano Ronaldo na Liga dos Campeões e muito mais.

Fábio Espinho reforça o contingente luso a atuar em Espanha mas, mais do que isso, reforça o leque de atletas selecionáveis para Fernando Santos. Se as oportunidades surgirem no onze inicial do Málaga, este será certamente um veredicto pacífico.

 

Fábio Espinho ao lado de Ghilas no Moreirense

Aos 29 anos e a chegar à liga espanhola, como projeta as próximas épocas?
«Isto é o início do fim (risos). Sinto-me bem e com capacidade para jogar ainda vários anos. Tenho feito uma carreira ascendente. Tudo o que eu perspetivava para mim está a acontecer. Agora vou dar um novo rumo ao meu trajeto, em Málaga, e espero manter esta tendência de evolução».

Jogar em Espanha era um objetivo antigo?
«Eu tinha definido alguns objetivos para mim. Um deles era jogar na I Liga em Portugal. Aos 23 anos consegui isso, no Leixões. Depois de muito trabalho terei a oportunidade de jogar na melhor liga do mundo, frente aos melhores jogadores do mundo e nos melhores estádios do mundo. Estou muito feliz».

Em dois anos saltou do Moreirense para o Málaga. Está surpreendido?
«Muito. Se me dissessem nessa altura que eu ia jogar na liga espanhola, não acreditaria. Acredito muito em mim, mas isto é uma surpresa. As coisas aconteceram com naturalidade. Fui para a Bulgária jogar num clube desconhecido, mas interessantíssimo. O Ludogorets tem uma estrutura enorme, saúde financeira e permite a um futebolista trabalhar com condições perfeitas. Esse passo foi completamente acertado».

Ter jogado a Liga Europa e a Liga dos Campeões foi decisivo para o Málaga contratá-lo?
«Foi importante. No primeiro ano chegámos aos oitavos de final da Liga Europa. Passámos um grupo dificílimo, com PSV Eindhoven, Dínamo Zagreb e Chernomorets, sem qualquer derrota. Depois eliminámos a Lazio e só caímos contra o Valência. No segundo ano conseguimos o acesso à Liga dos Campeões e fizemos excelentes jogos num grupo que tinha Real Madrid, Liverpool e Basileia».

Ansioso pelo início da temporada no novo clube?
«Gostei muito das condições que encontrei em Málaga e tenho aquele bichinho normal. Quero que as coisas comecem, estou cheio de vontade».

Já falou com o Duda?
«Ainda não, mas vou fazê-lo. Falei com o Antunes, de quem sou muito amigo. Ele jogou lá e deu-me as melhores informações possíveis sobre o Málaga. O clube fez uma época boa, andou muito tempo nos lugares europeus, mas caiu um pouco no final e acabou no nono lugar».

Este ano não jogará nas competições europeias.
«É uma pena, mas perde-se numas coisas e ganha-se noutras. São opções que temos de tomar. Preferi estar no campeonato espanhol, mesmo sem a Liga dos Campeões ou a Liga Europa. O Málaga é um clube histórico, por onde passaram grandes figuras: Júlio Batista, Van Nistelrooy, Manuel Pellegrini… Quando surgiu esta possibilidade, nem hesitei. Fiquei entusiasmado e motivado».