Sérgio Vieira, treinador do Estrela da Amadora, em conferência de imprensa, depois da derrota, em casa, diante do FC Porto (0-1) na abertura da 5.ª jornada da Liga:

- Neste momento, mais do que na flash, tenho uma noção mais clara do que foi o jogo. O resultado é injusto claramente. Estatisticamente, estivemos mais fortes, tivemos mais oportunidades. O resultado acaba por ser injusto, um empate ou mesmo a nossa vitória inseria-se numa lógica mais assertiva. A verdade é que o FC Porto marcou numa saída nossa. O nossos central, o Johnstone [Omowa], que esta semana viajou 16 ou 20 horas para poder esta aqui e trabalhar com a equipa, falhou. Os pequenos erros que cometemos, pagámos muito caro. Sabemos que as equipas grandes, pela forma de trabalhar e pelo rigor que têm, se não estivermos no nosso máximo, no foco e na concentração, fazem-nos pagar caro.

Surpreendido com o onze do FC Porto?

- Fiquei surpreendi pelas opções. Analisamos o adversário e tínhamos a convicção de que o FC Porto vinha de outra forma. Mas a nossa equipa sabe ajustar-se a qualquer dinâmica e a qualquer sistema. Os nossos conceitos são bem claros e não são perturbados pelo sistema que o adversário vai optar. Pode é ser perturbado pelas nossas tomadas de opção, como no lance do golo. Nós tivemos mais lances de perigo, foi pena não ternos sido eficazes. As opções com os três centrais surpreendeu-nos, mas depois houve o ajuste e adaptámo-nos.

FC Porto com três no meio-campo?

- Não é o facto de eles terem superioridade numérica em qualquer setor que lhes permite serem a mais eficazes. Nós posicionalmente também tínhamos três médios, bastava o Ronald Tavares posicionar-se à frente dos outros dois. Já vimos o Messi fazer isso, já vimos o Philippe Lham no Bayern a jogar a lateral e a médio. Depende de onde está a bola, a cobertura é sempre feita por um dos centrais. Os nossos centrais são dinâmicos. A questão da inferioridade numérica no meio-campo ou no setor defensivo não é importante para nós. Resolvemos esses problemas com um processo coletivo muito rigoroso que temos. Somos compactos a defender e condicionamos muitas vezes o FC Porto. Independentemente do adversário, somos uma equipa que pressiona, que não espera pelo adversário. Conseguimos empurrar o FC Porto para o seu meio-campo, obrigámos a jogar longo. Para nós jogar com dois ou três médios, é igual.

Já tinha colocado dificuldades ao Benfica, agora também ao FC Porto. É uma forma do Estrela crescer mais depressa depois do regresso à Liga?

- É interessante, é exatamente a nossa lógica. Ao defrontarmos o Benfica, Vitória, Estoril e FC Porto coloca-nos dificuldades que nos permitem refletir. Sobre o jogo, mas também sobre os detalhes, sobre as dinâmicas coletivas que não aconteceram. Percebemos logo o que falhou no lance do golo. O Johnstone está há apenas um ano em Portugal. O ano passado perdeu a esposa com um bebé na barriga num acidente no Quénia. Agora fez 17 horas de viagem para ir à seleção e voltar. Não posso estar aqui só a apontar o erro. Os jogadores precisam desse processo de amadurecimento. Nós não nos focamos no resultado final, nem na posição na tabela, sabemos de onde vimos e para onde queremos ir. Não podemos exigir o mesmo ao Johnstone o que pediríamos, por exemplo, ao Pepe. Se o Pepe fosse meu jogador, nesses pequenos detalhes, a exigência tinha de ser maior. É um processo que os clubes mais pequenos têm de fazer. Cometeu um erro posicional. Podíamos estar aqui a falar de um ponto conquistado, mas infelizmente isto é um processo, temos de aceitar isso com naturalidade.

Penálti revertido? Concordou?

Em relação ao lance, sou um dos treinadores que fala da arbitragem. Falo com respeito, com ética, com máximo de ponderação. Acho que foi revertido de forma lógica, não é lance para penálti, mas não vou estar a aqui a analisar o critério das faltas, nem os minutos de compensação. Não me posso focar naquilo que não controlo. Neste caso, acho que o VAR funcionou muito bem.

O Estrela é um campo difícil para os adversários?

- Não queremos bater os pés aos grandes, queremos bater o pé a qualquer equipa, em qualquer estádio. A nossa iniciativa não depende do adversário, nem do ambiente no estádio. Esta atitude e energia que a equipa coloca no campo é para manter em qualquer estádio, frente a qualquer adversário. Se depois vamos ser rigorosos taticamente, como hoje não fomos….as nossas regras são para se manter em qualquer estádio.