Portugal está nas meias-finais do Europeu de sub-17, depois de dobrar a surpreendente – e eficaz – Polónia, por 2-1. Ao cabo de duas vitórias e um desaire – diante da França, na última ronda do Grupo D – o selecionador nacional, João Santos, trocou Afonso Patrão, David Deiber e Cardoso Varela por Gabriel Silva, Eduardo Felicíssimo e Eduardo Fernandes.

Antes de desvendar a história desta partida, há uma nota geopolítica pendente. Esta tarde, a seleção nacional jogou no Antonis Papadopoulos Stadium, casa dos cipriotas do Anorthosis. Ainda que a cidade natal deste emblema seja Famagusta, o controlo da República Turca de Chipre do Norte obrigou o clube a migrar para Larnaca.

Importa recordar que o Chipre é dividido entre território turco e grego. Por isso, a «Linha Verde» divide o país ao longo de 180 quilómetros. Num estádio com capacidade para cerca de nove mil adeptos, o Anorthosis foi quinto na Liga do Chipre, a 20 pontos do campeão APOEL.

Agora sim, o futebol.

De Felicíssimo aos ferros

De olho na reconquista da prova – a última vez aconteceu em 2016, aquando da mais recente final – os comandados de João Santos assumiram a iniciativa ofensiva desde cedo, ora por Rodrigo Mora, ora por Geovany Quenda. Ainda que as primeiras investidas lateralizadas e na profundidade não se tenham traduzido em lances de perigo, o golo não tardou.

O cronómetro marcava seis minutos quando, à entrada da área, Eduardo Felicíssimo soltou a festa nas hostes lusas. Pouco importado com a muralha instalada, o médio do Sporting delineou um arco, contou com um desvio do adversário e inaugurou o marcador.

Assim, Felicíssimo juntou-se a Mora, Patrão, Gabriel Silva e Cardoso Varela entre os marcadores da seleção.

Na resposta, cinco minutos volvidos, Diogo Ferreira voltou a ser enorme. Após erro grosseiro de Rafael Mota na lateral direita, o guardião – do Benfica – negou o golo de Pietuszewski, com a ponta dos dedos.

Entregue este aviso, Portugal voltou a assumir o leme do encontro, mas desprovido de eficácia. Ainda que Quenda e Rodrigo Mora desmontassem o plano defensivo dos polacos, Felicíssimo e Gabriel Silva não duplicaram a vantagem.

Por isso, num raro rasgo ofensivo, Izunwanne agradeceu o espaço na área para encher o pé, na sequência de um lançamento longo. Sobre aviso, a seleção nacional permitiu ao avançado – do Áustria Viena – assinar o quarto golo na prova. Estavam decorridos 34 minutos.

Os derradeiros minutos da primeira parte foram plenos de emoção. O marcador assinalava 40 minutos, quando, uma vez mais à entrada da área, Felicíssimo atirou à barra. Desta feita, o arco do médio não beijou a rede.

Pouco depois, aos 42m, Quenda tentou o melhor golo na prova. Responsável por um livre à direita, o avançado aplicou um arco primoroso, mas travado por Jelen e pelos ferros. Era o espelho de uma exibição criativa, pura de talento, mas escassa em aproveitamento.

Reveja o filme deste jogo.

Mora contrariou desperdício

A etapa complementar ficou marcada pela infelicidade de Geovany Quenda. No minuto 52, o avançado ultrapassou Kriegler em velocidade, na área. Desequilibrado, o defesa caiu sobre a perna direita do avançado. Todavia, Jasper Vergoote – árbitro belga – entendeu que Quenda forçou o penálti, pelo que puxou do cartão amarelo. Assim, o criativo luso não disputará as meias-finais.

Entre trocas, Portugal transformou, por fim, o domínio em vantagem. Em cima da hora de jogo, Rodrigo Mora assinou o quarto golo na competição e, assim, juntou-se aos melhores marcadores do Europeu.

Na sequência de novo contra-ataque, o médio – do FC Porto – conduziu a investida e serviu Quenda, fixado à direita. Ainda que o remate tenha sido travado por Jalen, a cara de Mora empurrou o esférico para o golo.

Até final, Portugal continuou a acumular oportunidades, numa tarde infeliz para Gabriel Silva e de muito brilho do guardião Jelen.

O derradeiro apito selou a qualificação para as meias-finais, onde espera a Sérvia.

O caminho até à final

Na tarde de quarta-feira, os sérvios levaram a melhor sobre a Áustria (2-3). Este adversário não contará com Uros Djordjevic, uma vez que o médio viu dois cartões amarelos, aos 74 e 90+4m.

Por sua vez, Portugal não contará com Quenda, por castigo, e há dúvidas quanto a Rafael Mota, que deixou o encontro desta tarde lesionado, aos 45m.

Quanto à Polónia, depois do segundo lugar no Grupo C, atrás de Itália e à frente da Suécia, a campanha termina, mas para o futuro ficam os nomes do guardião Jelen e dos avançados Izunwanne e Pietuszewski.

A seleção nacional sub-17 junta-se a Sérvia e Dinamarca nas meias-finais. Resta saber quem defrontará os nórdicos, se Itália ou Inglaterra.

Portugal tem em vista o terceiro Europeu desta categoria, depois das conquistas de 2016 e 2003. A última final disputada, há oito anos, terminou em festa. O duelo com a Sérvia está agendado para as 16h de domingo.