A descida da taxa de referência por parte do Banco Central Europeu (BCE), esperada por alguns especialistas para o mês que vem, pode não se traduzir numa descida das Euribor. A primeira já não serve de guia às segundas como acontecia até há algum tempo, devido à crise financeira. Hoje em dia, parece que a Euribor tem «vida própria».

É que, estas taxas, além de serem taxas comerciais, são também taxas interbancárias, ou seja, além de serem as taxas que os bancos cobram aos seus clientes nos contratos de crédito, são também as taxas que os bancos cobram nos empréstimos que fazem uns aos outros.

Com a crise que se vive nos mercados financeiros, os bancos têm tido muitas dificuldades em se financiarem, têm falta de dinheiro e há muita procura por empréstimos. E, como em qualquer mercado, quanto maior é a procura, mais sobem os preços.

Para além disso, o facto desta crise ter sido desencadeada pelo subprime, ou seja, pelo crédito de alto risco, em que a probabilidade de incumprimento é muito elevada, a percepção e a avaliação que os bancos, um pouco por todo o Mundo, fazem do risco, nos empréstimos que fazem a clientes e a outros bancos, alterou-se. Hoje em dia, o risco elevado paga-se caro, com taxas de juro mais elevadas.

O ingrediente necessário para fazer baixar as Euribor, que estão mais de um ponto percentual acima da taxa de referência do BCE, é a estabilidade dos mercados financeiros. Mas, na ausência deste milagre, pelo menos para já, a esperança de milhares de portugueses que estão «com a corda no pescoço», à espera de ver baixar as prestações mensais a pagar ao banco, está no chamado Plano Paulson, a ser votado nos EUA. É que, se o plano for aprovado e aplicado, pode ajudar a acalmar os mercados e a suprimir, pelo menos em boa parte, as necessidades da banca por capital, fazendo baixar as taxas comerciais e interbancárias, que é como quem diz, a Euribor.