O Banco Central Europeu (BCE) sublinha que, no curto prazo, existem fortes pressões em alta sobre a inflação, que vêm sobretudo das áreas da energia e dos alimentos.

Por isso mesmo, diz, não pode haver «margem de complacência a este respeito».

Numa altura em que o euro segue em máximos frente ao dólar, o Boletim Mensal de Abril da instituição denota também a existência de riscos no médio prazo, «num contexto de contínuo crescimento monetário e de crédito muito vigoroso».

Na quarta-feira soube-se que a taxa de inflação da Zona Euro subiu para 3,6% em Março, o valor mais alto dos últimos 16 anos e que está muito acima dos 2% que o BCE tinha como tecto máximo para permitir assegurar a estabilidade de preços, que é a sua «principal prioridade».

Dados que afastam uma descida das taxas de juro de referência para a Zona Euro nos próximos meses. Alguns membros do Conselho do banco central deram já mesmo a entender que um corte das taxas já não deverá acontecer este ano e há mesmo quem fale numa nova subida do preço do dinheiro.

O banco assume, de resto, que a actual orientação da política monetária «favorecerá a prossecução deste objectivo e mantém o firme compromisso de impedir o aparecimento de efeitos de segunda linha e a materialização de riscos altistas para a estabilidade de preços a médio prazo».

Inflação vai continuar elevada

A instituição monetária alerta ainda para o risco de algumas empresas em segmentos de mercado com baixa concorrência aumentarem os preços e subirem os salários acima do previsto, o que pode acrescentar ainda mais pressões à inflação. Razões que cevam o Conselho do banco a «observar com particular atenção as negociações salariais na Zona Euro».

Um ajuste dos salários nominais aos preços do consumo é de evitar, porque implica um risco elevado para a inflação e ameaça criar uma espiral de subidas de preços e salários, que acabaria por prejudicar o emprego e a competitividade dos países afectados.

Para os próximos meses, o BCE alerta que a inflação deve continuar elevada, acima da meta de 2% e diz mesmo ser provável que a inflação se modere forma apenas gradual durante 2008».