Tal como já tinha anunciado na sua campanha, o candidato à presidência do FC Porto, André Villas-Boas, endereçou uma carta à SAD dos azuis e brancos a solicitar vários esclarecimentos, que vão desde a antecipação de receitas em várias negociações e também ao cumprimento do fair play financeiro da UEFA.

O Maisfutebol teve acesso à carta, datada de 14 de março e enviada por Villas-Boas à SAD, na qualidade de acionista da mesma e de candidato ao cargo de presidente da direção do FC Porto, sendo que a mesma não teve resposta por parte da SAD até ao momento.

Entre as 32 questões divididas em seis temas, André Villas-Boas questionou a SAD dos dragões sobre o Estádio do Dragão, nomeadamente «o montante de receitas operacionais e custos operacionais considerado para efeitos de reavaliação relativos ao exercício 22/23» e «qual o período de vida útil remanescente do Estádio e quais as amortizações anuais adicionais resultantes da reavaliação». Outra das preocupações demonstradas por Villas-Boas foi se a renda paga pela utilização do estádio à EuroAntas irá aumentar e, se sim, para que valor e, se não é caso disso, «como se justifica que a reavaliação do ativo tenha por base uma receita que não reverte para a EuroAntas».

Outra das questões lançadas por Villas-Boas prende-se com a recente operação relacionada com antecipação de receitas, na qual a SAD do FC Porto fez um encaixe adicional de cerca de 54,3 milhões de euros [ndr: Sagasta 2] – como comunicado à CMVM – permitindo «liquidar responsabilidades decorrentes da sua atividade». Quanto a isto, Villas-Boas questionou a SAD qual o «encaixe adicional resultante» desta antecipação de receitas, bem como «a taxa de juro implícita no contrato», se «este custo se aplicou também às receitas antecipadas e não vencidas na Operação Sagasta 1 e «qual a perspetiva a curto prazo (até às eleições de 27 de abril) de antecipação da totalidade das receitas» do contrato com a Altice.

O candidato à presidência do FC Porto perguntou também pela sociedade Quadrantis, fundada e administrada pelo empresário João Rafael Koehler – que está na lista de Pinto da Costa – pretendendo saber se «estão em fase de preparação/conclusão algumas operações adicionais de antecipação de receitas» e que, se tal está em cima da mesa, se «essas operações têm como contraparte fundos geridos pela Quadrantis, em particular o Fundo Quadrantis Private Equity».

Também sobre antecipação de receitas, Villas-Boas questionou ainda sobre a sociedade Connect Capital, em alusão à operação de factoring – um financiamento de 14,5 milhões de euros – celebrada em abril de 2023, perguntando se “respeita exclusivamente ao contrato relativo à Superbock” que vai até 2029 e qual o encaixe obtido com a antecipação e a taxa de juro associada.

Sobre o acordo com a Legends, Villas-Boas questiona, entre outros fatores, «que ativos serão transferidos para a Porto Comercial II e por que forma», sobre «que taxas de crescimento anuais foram consideradas para essas receitas e custos para os próximos cinco exercícios» e «que valor deverá ser reinvestido na modernização do Estádio» com o «valor do encaixe com a venda da participação de 30 por cento da Porto Comercial II» [ndr: os restantes 70 por cento do capital social ficam com o clube]. Sobre isto, o candidato pergunta ainda se a SAD do FC Porto ficará com opção de compra dos 30 por cento e em que condições e qual é a duração prevista do acordo.

Finalmente, Villas-Boas questiona sobre se a deslocação do administrador Fernando Gomes à UEFA nas últimas semanas está relacionada com incumprimento de regras do fair play financeiro, se a 31 de dezembro último a SAD cumpria os requisitos do novo regulamento da UEFA e, caso não tenha sucedido, se cumpriria a 31 de março de 2024 (ontem, domingo).