Angelino Ferreira e António Tavares são os primeiros nomes revelados por André Villas-Boas na lista de candidatura à presidência do FC Porto. O primeiro, candidato a presidir o Conselho Fiscal e Disciplinar, e outrora administrador da SAD dos portistas, aproveitou a presença de uma centena de sócios e adeptos do clube para esclarecer algumas debilidades de teor financeiro.

«Todos sabemos do passivo 516 milhões de euros, além dos capitais próprios negativos. O património de uma sociedade é financiado por capitais próprios, que constituem a parte do capital que os accionistas aportam. Se eles são negativos, em 210 milhões de euros, quer dizer que todo o património é financiado pelos credores, os tais 516 milhões de euros. Logo, enquanto esta situação não for revertida, a SAD pertence aos credores. Portanto, esta é uma estratégia de distribuição de valor e não geração de riqueza. Esta é a situação que nos preocupa. Este quadro de dificuldades vai exigir uma atuação ponderada e zelosa», explanou.

Questionado pelos jornalistas, Angelino Ferreira recusou entrar em detalhes sobre a recuperação financeira do clube, remetendo explicações para o administrador financeiro, que será apresentado na primeira semana de fevereiro.

Em todo o caso, propôs aprimorar o trabalho da marca FC Porto e a relação com os sócios, apostando na «formação de talento» e valorizar os ativos já integrados no clube.

Almeida Garrett, o FC Porto e a região

Por sua vez, e num discurso mais extenso, António Tavares propôs abordar apenas o futuro. Usando como mote o «deserto» de 19 anos sem títulos, o candidato a presidir a Mesa da Assembleia Geral do FC Porto lembrou o elo do clube com os sócios e com a região.

«[O FC Porto] É o que distingue uma nação que encontra no clube a motivação para ultrapassar as dificuldades. O eclestismo significa a procura constante do equilíbrio da sociedade, entre o desporto e as políticas públicas. Evito viver em realidades alternativas. O André Villas-Boas conhece o clube, por dentro e por fora, aliando o conhecimento quotidiano à teoria», argumentou António Tavares.

Por isso, prosseguiu, aceitou ser o garante da expressão democrática no reino do dragão: «A Assembleia Geral deve ser o fórum onde todos podem contribuir. Se eleito, pretendo que a voz de cada um seja ouvida, e que seja a voz crítica do clube».

Lembrando que «só o FC Porto é eterno», e citando Almeida Garrett – que, segundo o antigo deputado, seria sócio do clube – o apoiante de Villas-Boas abriu o livro: «Se nessa cidade há muito quem troque o B pelo V, há muito pouco quem troque a honra pela infâmia e a liberdade pela servidão».