O clima de intimidação e de medo causado pela claque «Super Dragões» em plena Assembleia-Geral do FC Porto foi o motivo para a «Operação Pretoriano», que originou a detenção de 12 pessoas, entre as quais o líder do grupo, Fernando Madureira.

Segundo a CNN Portugal, o Ministério Público entende que este clima foi planeado de antemão por Fernando Madureira e outros membros da claque portista, que tiveram o apoio do administrador da SAD do clube, Adelino Caldeira, que já negou qualquer envolvimento. Ainda de acordo com a investigação, os funcionários dos dragões aseguraram a Fernando Madureira que a claque podia continuar a lucrar com a venda de bilhetes para os jogos.

A investigação refere também que foi acordado por elementos do clube e dos «Super Dragões» que na Assembleia-Geral «fosse criado um clima de intimidação e medo tendente a constranger e a coartar a liberdade de expressão dos oponentes» presentes, com vista a aprovar as alterações estatutárias «do interesse da atual direção» do FC Porto. 

Todo o esquema foi montado através das redes sociais e de mensagens em grupos de Whatsapp. O objetivo, já referido, era garantir a aprovação de estatutos que ia ser apresentada. Dessa forma, os «Super Dragões» juntaram «pessoas de confiança», aponta o Ministério Público, a quem foram dados cartões de sócios, mesmo não sendo essas pessoas sócias, de forma a garantir a lotação do espaço, que inicialmente estava previsto ser no auditório do Dragão que tem capacidade para apenas 400 pessoas.

«Criando uma massa humana por si controlada que provocou agitação e constrangimento junto dos sócios do FC Porto que pretendiam exercer livremente o seu direito de voto», salienta a investigação.

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No entanto, a afluência à AG foi enorme o que obrigou o FC Porto a alterar a reunião para o Dragão Arena. Nas duas horas de duração da reunião magna, os «Super Dragões» espalharam-se pelo pavilhão a agitar e a ameaçar os presentes.

«Batam palmas, filhos da p***. «Não estão a bater palmas estão f******. «És Villas-Boas desaparece daqui, senão levas mais». Estes foram alguns dos insultos e ameaças que ecoavam em todo o pavilhão e que, em alguns casos, originaram mesmo agressões, sendo que uma pessoa ficou ferida naquele dia.

«Vocês vão morrer. Vão levar todos nos cornos, seus filhos da p***», foram outras das palavras ouvidas, tal como promessas de «ou bazam ou vão morrer» e «o Porto é nosso, quem não está com Pinto da Costa vai morrer».

O Ministério Público dá ainda conta de ameaças e de atitudes intimidatórias por parte de Vítor Catão, conhecido adepto do FC Porto, contra jornalistas, que foram «impedidos» de fazerem o seu trabalho.

Segundo a Procuradoria-Geral Distrital do Porto, «está em causa a prática dos crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coação agravada, ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objeto ou de produtos líquidos e atentado à liberdade de informação».

Os detidos, 11 homens e a mulher de Fernando Madureira, vão ser presentes esta quinta-feira a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, para aplicação de medidas de coação.