O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, assumiu que a noite da Assembleia Geral Extraordinária de 13 de novembro foi «má» e sublinhou o seu desgosto por ver «sócios contra sócios» e imagens serem passadas para o exterior, nomeadamente as dos tumultos durante a sessão no Dragão Arena, que acabou suspensa, remarcada para esta segunda-feira e, entretanto, desconvocada.

«O que tenho a dizer é o que todos sentem, foi um momento muito desagradável. Muito mau ver sócios contra sócios e naturalmente tenho de lamentar tudo o que aconteceu. Já tomámos as providências para que não se repita na próxima AG. Decorrem dois inquéritos, o nosso e o do Ministério Público, para apurar os responsáveis, temos de aguardar calmamente. Não vou dizer quem são os principais responsáveis, senão estava-me a antecipar ao nosso inquérito e ao do Ministério Público. Houve, através das redes sociais, incitamentos a que as pessoas viessem, filmassem tudo o que pudessem. Não compreendi a intenção. Começou tranquilamente, lá em baixo não houve nenhum problema. Tínhamos previsto uma solução, uma alternativa, só apareceu na altura, mas tínhamos aqui tudo montado. Foi uma frequência anormal, tivemos de ir para o pavilhão, que estava como uma última hipótese», afirmou Pinto da Costa, em entrevista à SIC, na noite desta terça-feira.

PINTO DA COSTA EM ENTREVISTA: tudo o que o presidente do FC Porto disse

«Foi uma noite má. Para mim, todas as noites que o FC Porto não ganhe, são más noites. Em termos de Assembleia Geral, foi uma noite má. Se foi a pior, se não foi a pior... há uma coisa que me desgostou muito. Duas coisas: sócios contra sócios; e ver sócios que, num problema interno entre sócios, transmitiram-no através das televisões, fazendo daquilo uma vitória. Não compreendo quem ganhou naquela noite, o FC Porto perdeu e acho que os sócios do FC Porto perderam. Se em nossa casa temos uma noite má, devemos criticá-la, não é torná-la pública para que os nossos inimigos possam fazer daquilo uma bandeira nacional», disse, de seguida, garantindo que não faz críticas públicas aos órgãos do clube e dizendo que os tumultos começaram após a intervenção do associado Henrique Ramos.

«Qualquer crítica a fazer a qualquer órgão do FC Porto, não vinha para aqui fazer publicamente. A Mesa abriu a Assembleia, eu falei tranquilamente sem ser interrompido, propus que votassem contra três artigos, o doutor Miguel Brás da Cunha falou sem problemas, o doutor Hugo Nunes sem problemas e só quando veio o Henrique, até meu amigo, começaram os problemas durante a sua intervenção e quando ia para o seu lugar», esclareceu, sem adiantar, porque diz não saber, a que tipo de punição pode estar um associado que cometa a agressão que esteve em causa no Dragão Arena. Afirmou, ainda, que a única pessoa que identificou na hora, nos tumultos, foi apenas Henrique Ramos. «De resto, não conhecia, mas espero que nas imagens se consiga apurar», notou.

Pinto da Costa explicou ainda a sua oposição às alterações nos estatutos. «[As eleições] estavam em abril no estatuto em vigor e acrescentou a comissão que podiam ser até junho, não era que eram em junho. E eu votei contra essa alteração. Para que não houvesse quem pensasse que havia alguma intenção da comissão, antes da Assembleia tive o cuidado de dizer ao presidente da AG que ia votar contra e se ele tomava o compromisso de marcar as eleições para abril. Ele marcou e eu estive à vontade para votar contra», disse, falando também da situação das casas do FC Porto, denunciada por Henrique Ramos na sua intervenção na AG.

«Ao que ele se estava a referir é que uma das coisas propostas era os sócios poderem votar nas casas do FC Porto. Eu penso que não faz sentido quee sócios do Algarve, para votar, tenham de vir do Algarve ao Porto, quando temos casas no Algarve. Creio que todas que ele referiu está correto, não têm espaço físico. Suponha, numa vila ou numa aldeia pequena de 200 sócios, não há sede. A sede é em casa do presidente ou de um dos membros, isso é o que se chama o espaço físico. Agora, quando a comissão propôs o voto nas casas do FC Porto, não era nessas, o pensamento foi poder votar em Lisboa, ter um sítio de voto no Algarve...», justificou.

Sobre André Villas-Boas, antigo treinador do FC Porto e possível candidato às eleições de 2024, Pinto da Costa mostrou-se surpreendido com declarações recentes, mas não se quis alongar.

«Depois da sua passagem aqui, se falei com André Villas-Boas, vá lá, três vezes... ele até me ofereceu um relógio com uma dedicatória. Mas dizer que falei: infelizmente, a última vez que o vi foi no funeral do Fernando Gomes. Daí para cá, nunca mais o vi. Não reajo [às declarações]. Surpreendem-me, mas não comento. Se as faz, tem um intuito, presumo que seja candidatar-se à presidência do FC Porto. Tem todo o direito, é associado, tem as quotas em dia. Fico admirado. Agora, mágoa é quando nos morre alguém querido. Que fico surpreendido, fico. Mas não comento, ele tem todo o direito a ser candidato», finalizou.