O treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, não escondeu o desgosto pela derrota ante o Barcelona, para a Liga dos Campeões, tendo comparado a mensagem que passa aos seus jogadores com aquelas que são deixadas pelas pessoas que estão à volta dos atletas no dia a dia. O técnico dos dragões abordou a «nova geração» de jogadores e da «mentalidade» que é preciso construir neles, independentemente de palavras positivas que lhes cheguem de amigos ou outras pessoas sobre as exibições.

«Na antevisão ao Barcelona, falou-se em experiência, a falta do Pepe, do Marcano, mais dois que saíram, o Otávio e o Uribe. Nesse sentido, é importante eles perceberem o que é perder um jogo, sair de um jogo que achamos que fizemos muitas coisas bem e que nos fugiu a vitória. Provavelmente esta nova geração pensa que fizeram as coisas muito bem, porque depois há muita gente a dizer que foi um jogo fantástico do FC Porto contra o Barcelona, os amigos dos amigos e toda a gente que envolve e gravita à volta dos jogadores a passar-lhes uma mensagem diferente da que eu passo, que eu estou extremamente aziado com tudo isto, não gosto de perder. E há esta diferença de estado de espírito. O que quero é que os jogadores sintam o clube que representam, a região que representam, mas não é exatamente e só por isso. Eles têm de evoluir, queimar etapas e é isso muitas vezes e não falo só dos jogadores do FC Porto, mas da nova geração, que lhes falta por vezes essa responsabilidade, o perceber que em todos os momentos do jogo o que eles pensam que num momento não pode ser decisivo, esse momento é o decisivo. Essa mentalidade é o que tento construir. Obviamente que não é fácil nos inícios de época, em que temos de fazer a equipa e acabamos por sofrer um ou outro dissabor, como no passado recente», afirmou, na conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Portimonense, da 8.ª jornada da I Liga.

«Não estamos habituados a perder, duas vezes seguidas aconteceu uma ou duas vezes em sete anos. Obviamente que fizemos coisas positivas nesses jogos que perdemos, fizemos também coisas não tão boas e que servem para trabalhar em cima desses erros. A equipa, como sabem, está a evoluir, mas há uma coisa que temos de perceber e tenho de fazer essa análise. Houve quem já falasse disso: nós tivemos 24 por cento do tempo, penso eu, em vantagem no campeonato, o que não é normal. O empenho e a dedicação num jogo onde há 50/50 de responsabilidade de ganhar, é diferente dos que há 100 por cento de ganhar como é o caso de amanhã e os jogadores têm de assumir essa mesma responsabilidade, como eu disse no fim do último jogo, num ou outro erro forçado que cometemos e que nos dá a derrota. Eu assumo a responsabilidade perante uma equipa e jogadores que dão o máximo. Se derem o máximo contra o vilar de perdizes ou Barcelona, estou aqui para defendê-los. Não acontecendo isso, não posso defender, referiu, ainda, abordando também o que espera do Portimonense.

«É uma equipa com um treinador que depois de mim é o que está há mais tempo num clube, um treinador experiente. Depois, uma equipa que não começou tão bem, mas nas últimas deslocações, ganhou ao Vitória, Vizela e foi empatar a Arouca. Fora, sente-se confortável, defendendo um bocadinho mais baixo e tendo jogadores rápidos nas transições defesa ataque. Temos de estar preparados, assumir as despesas do jogo e ganhar o jogo, que é o que nós queremos», assinalou.

O técnico do FC Porto respondeu ainda sobre o que é que a equipa tinha ganho com a derrota ante o Benfica, depois das declarações deixadas no final do encontro na Luz.

«Vi uma equipa com caráter, personalidade, jogadores que jogaram um clássico pela primeira vez a não se esconderem no jogo, uma equipa bem organizada, em termos defensivos a fazer o que queria, em termos ofensivos a meter em campo o que trabalhámos, mesmo em inferioridade numérica. Houve ali bastantes coisas positivas, nomeadamente essa mentalidade no jogo, que esteve presente também com o Barcelona. Mas mais importante do que tudo isso, é o jogo de amanhã, outro tipo de problemas que o Portimonense vai criar. Mas isso faz parte da nossa estratégia. Percebo e entendo que hoje o jogador de futebol no geral é inteligente, percebe o que se trabalha, mas falta por vezes essa mentalidade, de que não temos de reagir. Temos de agir, ir à procura e muitas vezes isso não acontece. E é com isso que eu fico, mais do que um erro técnico no jogo, que fico chateado com esse tipo de situações», disse.

O FC Porto-Portimonense joga-se a partir das 18 horas de domingo. Siga o jogo, ao minuto, no Maisfutebol.