O Ministério dos Negócios Estrangeiros paquistanês convocou hoje um diplomata dinamarquês para contestar que jornais dinamarqueses tenham voltado a publicar uma caricatura do profeta Maomé, no que considerou ser «uma perversão da liberdade de expressão», refere a Lusa.

Foi transmitido ao vice-chefe da missão dinamarquesa, Finn Theilgaard, que a publicação era ofensiva para os muçulmanos, disse o Ministério num comunicado.

O desenho, que voltou a ser publicado em jornais dinamarqueses a semana passada, mostra o profeta Maomé a usar um turbante em forma de bomba, uma das 12 caricaturas que causaram protestos maciços nos países muçulmanos quando foram primeiro publicadas em 2006.

Os jornais dinamarqueses decidiram voltar a publicá-las num gesto em prol da liberdade de expressão depois de três homens terem sido detidos alegadamente implicados numa conspiração para matar o caricaturista.

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O diplomata dinamarquês afirmou que o seu governo não teve qualquer papel na decisão de voltar a publicar a caricatura, de acordo com o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros paquistanês.

Akbar Zeb, secretário no Ministério dos Negócios Estrangeiros disse ao diplomata dinamarquês que «a reedição das caricaturas ofendeu profundamente os sentimentos muçulmanos».

«Apesar de apoiarmos a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão não deve ser tomada como uma licença para o insulto e para caluniar outras religiões», disse Zeb, citado pelo comunicado.

«De facto, a publicação das caricaturas foi um abuso e perversão da liberdade expressão, que mostrou falta de respeito pelas crenças do nosso povo», sustentou Zeb sempre segundo o comunicado.

Insultar o profeta ou o livro sagrado do Islão, o Corão, é considerado uma blasfémia e poder ser punido com a pena de morte no quadro das leis paquistanesas.

Enquanto isto, o Egipto proibiu hoje a venda no país de quatro jornais internacionais que publicaram as caricaturas de Maomé consideradas pelo governo egípcio como «ofensivas para o profeta».

O decreto assinado pelo ministro da Informação egípcio, Anas al-Feki, proíbe as edições dos títulos alemães Frankfurter Allgemeine Zeitung e Die Welt, do diário britânico The Observer e do jornal norte-americano Wall Street Journal.