À primeira vista, o Arsenal parece ser um dos adversários mais ‘acessíveis’ dos que podiam calhar ao FC Porto no sorteio para os oitavos de final. Mas convém olhar com atenção.

Depois de ‘estagiar’ com Pep Guardiola durante três anos, Mikel Arteta foi contratado para substituir Unay Emery no comando do Arsenal, há exatos quatro anos, voltando ao clube que tinha representado como jogador.

Os primeiros tempos não foram fáceis, mas o clube foi paciente e manteve a aposta no técnico espanhol. Arteta acabou por refundar o Arsenal, com jovens de talento e rigor interno.

Os adeptos já acreditam que é possível reviver os melhores dias da era Arsène Wenger – que ganhou tudo, menos a Liga dos Campeões, sendo derrotado pelo Barcelona na final de 2007.

Arteta, para já, venceu uma Taça de Inglaterra e duas supertaças. Mas este ano parece ser um real candidato ao título. É a prioridade. A Europa virá por acréscimo. Mas não lhe virarão a cara.

Estilo Guardiola 2.0

Mikel Arteta tentou levar a filosofia guardioliana para Londres, mas a sua equipa desenvolveu um estilo próprio. Não é tão dominante em posse de bola, mas consegue ser fulminante na abordagem ao último terço. E tem qualidade, muita qualidade.

A baliza está bem entregue, seja com Aaron Ramsdale ou David Raya. A defesa tem dois pilares, no brasileiro Gabriel Magalhães e no francês Saliba. Ben White costuma ser o lateral direito, com o ucraniano Zinchenko mais ofensivo na ala esquerda, procurando muitas vezes espaços interiores, como fazia no City.

O miolo tem equilíbrio com a capacidade defensiva (e não só) de Declan Rice – a contratação mais cara do clube, vindo do West Ham por 116 milhões de euros - a imaginação e o talento de Odegaard e a liberdade de Havertz para queimar linhas. E há o campeão da Europa Jorginho, o versátil Smith-Rowe e …o ex-dragão Fábio Vieira. Dava outro meio-campo.

Numa equipa onde muita gente marca golos, os avançados podem ser Bukayo Saka, Eddie Nketiah ou os brasileiros Gabriel Jesus e Gabriel Martinelli. E ainda há o belga Leandro Trossard ou Reiss Nelson.

É uma equipa com baixa média de idades, com muita ambição e com uma abordagem positiva aos jogos.

Dito isto, podemos lembrar que o Sporting eliminou o Arsenal - que já tinha a mesma base -  em março passado, na Liga Europa, levando a melhor no desempate por penáltis. O tal jogo do tal golo de Pedro Gonçalves!

O Arsenal evoluiu, é certo, mas a mesma fórmula de rigor e qualidade que o Sporting apresentou pode ser um bom ponto de partida, um ano depois, para defrontar os 'gunners', líderes da Premier League. 

A presença portuguesa

Há dois portugueses no plantel: Fábio Vieira, que vai ter uma oportunidade de voltar ao ‘Dragão’ e Cédric Soares – que joga pouco e é pretendido pelo Villarreal. Provavelmente, estará em Espanha quando se jogarem os oitavos de final.

Fábio Vieira tem sido poucas vezes titular, mas já soma 500 minutos em 14 jogos esta época, com dois golos e três assistências.

Cédric Soares, com 32 anos e em final de contrato, esteve apenas em três jogos e pode mesmo sair no mercado de janeiro.