A Euribor a seis meses, a taxa mais usada como indexante dos contratos de crédito à habitação em Portugal, baixou esta sexta-feira, depois das sucessivas subidas da última semana.

A taxa recuou para os 5,415%, mas não foi a única. Também a taxa a um ano desceu para os 5,493%, depois de ter chegado aos 5,526%.

As taxas a prazos mais largos estão a beneficiar da expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) possa vir a cortar a taxa de referência ainda este ano em 25 pontos base, para 4%, conforme acredita a maioria dos analistas. Para além disso, há ainda especialistas que acreditam que o preço do dinheiro possa baixar mais 50 pontos base em Março do ano que vem, o que deixaria a taxa de referência nos 3,5%.

O próprio presidente do banco central, Jean-Claude Trichet, deu sinais de que uma descida pode estar para breve. Na conferência de imprensa que decorreu esta quinta-feira, após a reunião em que os governadores da instituição decidiram manter a taxa de referência nos 4,25%, Trichet admitiu que a hipótese de um corte chegou a ser abordada.

Para além disso, o presidente sinalizou que as pressões inflacionistas estão a abrandar, o que está patente na desaceleração da taxa de inflação da Zona Euro, para 3,6% em Setembro. Por outro lado, disse Trichet, os riscos sobre a economia estão a aumentar, devido aos efeitos da crise financeira. Factores que, conjugados, podem levar o BCE a flexibilizar um pouco a sua política monetária em breve.

Instabilidade financeira mantém taxas de curto prazo em alta

Já as taxas a prazos menores, registaram um comportamento diferente. A Euribor a três meses, por exemplo, subiu para 5,339%, naquele que é o 15º aumento consecutivo. O valor é, nada mais nada menos, que o mais alto de sempre.

No entanto, e como a curto prazo, a instabilidade do sistema financeiro internacional persiste, as taxas com maturidades mais curtas continuam a ser impulsionadas pelo receio dos investidores.

É que, enquanto não for encontrada uma «solução» para a crise que permita acalmar os mercados, o provável é que as Euribor a um e três meses se mantenham em alta. Tudo porque estas taxas, além de serem comerciais, são também interbancárias, ou seja, além de serem as taxas usadas pelos bancos nos contratos de crédito com os seus clientes, são também as usadas pelos bancos nos empréstimos que concedem entre si, uns aos outros.

Com a crise, os bancos têm tido problemas de liquidez e, com a falta de dinheiro, tem disparado a procura de empréstimos interbancários, para que as instituições se possam financiar. Um factor que, já de si, faz subir as taxas de juro, e ao qual se soma o factor risco. Tendo a crise financeira sido desencadeada pelo subprime nos EUA , ou seja, pela aposta de vários bancos em créditos de alto risco, cuja probabilidade de não serem pagos, era elevada, os bancos estão hoje em dia mais sensíveis ao perfil de risco associado aos créditos que concedem. E quanto mais alto é o risco, maior é também a taxa de juro que cobram.