O Chelsea esteve a ganhar em Istambul e saiu de lá com um empate, um 1-1 que permite a José Mourinho encarar com alguma confiança a decisão dos oitavos de final da Liga dos Campeões. É o único treinador de um clube inglês que ainda pode fazê-lo. Manchester City e Arsenal já caíram e o Manchester United vai tentar dar a volta à derrota de 2-0 trazida da Grécia em ambiente de profunda depressão, depois da derrota de domingo em casa com o Liverpool.

O alerta já soou em Inglaterra, motivando uma discussão que tem sido mais ou menos cíclica nos últimos anos. Os treinadores, sobretudo os estrangeiros, criticam o calendário, dizendo que ignora os compromissos europeus dos clubes. Também há quem fale do excesso de jogos, quem defenda uma paragem de Inverno. Arséne Wenger tem falado do assunto com frequência, José Mourinho fez o mesmo no final da semana passada. «As pessoas não se preocupam por os clubes ingleses estarem com problemas na Europa? Eu preocupo-me. A televisão merece ter poder, sem ela nada seria o mesmo, mas há espaço no calendário que podia ser preenchido, com comunicação», disse o português.

«Deviam perguntar aos jogadores se é o mesmo ter dois ou três dias de preparação. Perguntem ao Drogba: foi igual para ele ter jogado sexta-feira antes de vir a Londres, ou no sábado, com jogo na terça-feira? Não percebo por que pode o Galatasaray jogar sexta-feira e nós temos de jogar no sábado», insistiu Mourinho, defendendo que haveria na mesma casa cheia e a televisão também não saía a perder, porque seria o único jogo da noite «e o share seria ótimo».

Não falou só por ele, Mourinho. Também lembrou que o City teve de jogar às 12h45 no sábado passado, depois de ter jogado em Barcelona na quarta-feira: «Se temos de jogar todos sábado, por que não jogarmos nós às 12h45 e eles à 17h30? Há algo neste país que vai para lá da minha compreensão.»



Independentemente desta questão estrutural, Mourinho tem um desafio imediato para ultrapassar neste momento, numa época em que carrega o peso adicional de liderar a equipa que detém dois títulos europeus consecutivos, a Liga dos Campeões em 2012 e a Liga Europa na época passada. Mesmo que ele vá insistindo na ideia de que o Chelsea não é candidato a nada, ainda não este ano.

O jogo desta terça-feira assinala aliás o regresso a Stamford Bridge de Drogba, o herói da conquista da Champions: marcou no final o golo que levou o jogo com o Bayern Munique para prolongamento e bateu o penálti decisivo.  

Se o Chelsea não conseguiu ganhar na primeira mão, o Manchester United fez pior. Foi o único vencedor de grupo que não marcou qualquer golo e que perdeu, 0-2 em casa do Olympiakos de Paulo Machado (que naquela noite correu mundo por causa do bigode, lembra-se?). O cenário é bem mais complicado para os «red devils», que ainda para mais chegam aqui num momento penoso da época, depois de terem sofrido uma derrota pesada em Old Trafford frente ao eterno rival Liverpool.

Há antecedentes históricos positivos para o United, que ganhou todos os confrontos em casa frente a equipas gregas, mas o facto é que só por uma vez conseguiu dar a volta a uma derrota na primeira mão na Liga dos Campeões. Fê-lo com estilo em 2006/07, quando ganhou por 7-1 à Roma depois de uma derrota (1-2) em Itália, mas tem cinco eliminações para contrapor, incluindo a de 2003/04 frente ao FC Porto (1-1 em Old Trafford, depois da derrota por 1-2 no Dragão).

Quanto aos outros dois jogos que fecharão os oitavos de final, não deverão ser mais que formalidades. Sobretudo o Real Madrid-Schalke. Depois do 6-1 na Alemanha, os merengues preparam-se para carimbar o apuramento em casa, com uma equipa de gestão. Ancelotti admitiu que vai rodar a equipa, tanto mais que vem aí o clássico com o Barcelona. Benzema fica mesmo de fora, tocado, Jesé terá uma oportunidade no onze titular. 

Cristiano Ronaldo não descansa, anunciou também o treinador, pelo que será mais uma oportunidade para acompanhar o momento fantástico do português e da máquina merengue, que não perde um jogo desde o clássico de Liga com o Barcelona, a 26 de outubro (1-2), já lá vão cinco meses e 29 encontros. Com o bis ao Schalke, Cristiano passou a liderar a lista de melhores marcadores, 11 golos contra 10 de Ibrahimovic.



Ao Schalke resta tentar minorar danos, mas à cabeça pode ter já uma baixa de peso. Huntelaar, autor do único golo dos alemães na primeira mão, viajou para Madrid mas não deve jogar, depois de ter saído com queixas do jogo com o Augsburgo, na sexta-feira. Além disso não há Farfan, que tem estado parado e nem foi convocado.

Na quarta-feira ainda se joga o B. Dortmund-Zenit. Depois dos 4-2 na primeira mão, mesmo um Dortmund instável como o que se tem visto esta época não deve deixar fugir o apuramento. Os russos ainda deverão ter no banco Sergey Semak, o treinador que fez a transição depois da saída de Luciano Spalletti, antes de entrar André Villas-Boas, anunciado nesta terça-feira. 

Com Bayern Munique, Barcelona, At. Madrid e PSG já apurados, os oitavos de final não fugiram ainda à hierarquia da fase de grupos. As decisões desta ronda da Liga dos Campeões terminam na noite de quarta-feira, a ver como fica. E a seguir há sorteio: na sexta-feira, depois de concluídos também os oitavos da Liga Europa, a partir das 11h.

Calendário dos últimos jogos dos oitavos de final:

Terça-feira:

Chelsea-Galatasaray (1-1 na primeira mão), 19h45
Real Madrid-Schalke (6-1), 19h45

Quarta-feira:

B. Dortmund-Zenit (4-2), 19h45
Manchester United-Olympiakos (0-2), 19h45