Salvio

Incrível, espantoso, meta o adjectivo que quiser porque o argentino merece vários e talvez não cheguem, para o único futebolista que defende o título em causa nesta noite (venceu-o pelo Atl. Madrid). Comecemos pelo óbvio: que golo, que finalização! Sim, ainda só estamos a falar do primeiro do camisola 8, que iniciou a jogada na direita, e concluiu depois de um cruzamento da esquerda. Mas finalizou de forma impressionante, numa meia letra, se assim se pode dizer. Um golaço! Já tinha estado em vários lances pela direita e começou a segunda parte a passar por toda a gente e a fazer o 3-0. Depois da técnica, a força! E o festejo para os olhos da namorada. Se foi no segredo deles que buscou inspiração, então eles que brilhem, porque não é todas as noites que se vê tamanha paixão de um futebolista em campo.

Pablo Aimar

Se Carlos Gardel fosse vivo, Pablo Aimar seria letrista, ou até personagem, de mais famosos tangos. Quando o camisola 10 encarnado pensa, o Benfica logo existe, ainda que, por vezes, pareça que aquele beijo do pé direito na bola se prolonga, se demora a soltar. Mas isso é apenas a ilusão de El Mago, que logo rasga a defesa contrária com um passe de mestre, ou maestro, como se viu perante o PSV. Tantas vezes descobriu espaço, em tantas ocasiões percebeu que terrenos pisar, para a equipa ir para a frente que lhe ofereceram uma hipótese para atirar a contar. Por entre pormenores deliciosos, e futebol inteligente (ajudou imenso a fechar o miolo), foi quase de raiva que fez o 1-0, ao encher o pé esquerdo. Desbloqueou o marcador e a música encarnada tocou mais alto, com o 10 a dar o tom.

Saviola

Convidou os outros para o tango e o salão da Luz ficou à espera da apoteose. Saviola teve uma enorme influência no jogo. Primeiro, porque sabe sempre tirar o melhor Aimar da cartola (sim, o 30 é que é El Conejo), depois porque combina muito bem com os extremos e laterais, como se viu no 2-0. Atirou ao poste, teve mais um par de perdidas, e certamente merecia ser muito mais feliz na hora do remate. Até que, por fim, chegou a tal apoteose, com muito bom golo, a meter a diferença em números aceitáveis, num festejo que ecoou até à Argentina.

Maxi e Coentrão

No meio de tanto artista, o uruguaio foi o homem da luta. Se uns têm paixão, Maxi Pereira tem os pulmões todos do Benfica, desde o terceiro anel às fundações da Luz. Com Salvio, dinamizou o flanco direito e ainda tratou de impedir que Dzsudzsak desequilibrasse a favor do PSV. Quanto a Fábio Coentrão basta dizer que foi igual a ele próprio. E isso chega para saber que teve exibição empolgante.

Jardel e Luisão

Um fez a estreia a titular na Europa, o outro já leva muitos anos de UEFA, mas ainda impressiona. A dupla de centrais do Benfica entendeu-se muito bem, com Jardel a ter uma actuação extremamente positiva. Ganhou tudo, ora de cabeça, ora pelo chão, soube até quando esperar pelo adversário e quando o atacar de imediato, à queima. Já Luisão esteve como sempre e destacou-se com alguns cortes providenciais, tal como Fábio Coentrão.

Isaksson e Roberto

Não se sabe que peso vão ter as exibições dos dois guarda-redes na eliminatória, mas sabe-se, pelo menos, que nesta noite penderam para os holandeses. Isaksson evitou que o marcador se dilatasse para uma goleada histórica do Benfica, com defesas importantíssimas, sobretudo a remates de Cardozo. Já Roberto voltou a falhar quando não parecia que o ia fazer. Voltou a ser réu e o tribunal da Luz considerou-o culpado. Sentença justa!