Um duelo entre Benfica e FC Porto, em campo neutro, para decidir o campeão nacional 2022/23.

É uma possibilidade altamente improvável, mas consagrada nos regulamentos, que incluem esta hipotética final nos cenários para a decisão do título.

Para chegarmos a esse ponto, seria preciso que Benfica e FC Porto acabassem empatados. Em tudo, basicamente.

O Benfica teria de empatar na última jornada, frente ao Santa Clara, e o FC Porto garantiria um triunfo frente ao Vitória de Guimarães.

Os candidatos ao título terminariam empatados com 85 pontos, sendo que o confronto direto está anulado, uma vez que as águias venceram no Dragão (0-1) e depois a formação azul e branca venceu na Luz (1-2).

Marcar mais golos fora de casa já não conta como critério de desempate, no caso, e as duas primeiras alíneas do ponto 1 do artigo 17.º do Regulamento de Competições ficaram sem efeito após os clássicos entre os dois emblemas. A saber:

a) número de pontos alcançados pelos clubes empatados, no jogo ou jogos que entre si realizaram;

b) maior diferença entre o número de golos marcados e o número de golos sofridos pelos clubes empatados, nos jogos que realizaram entre si;

Passamos então à alínea C, que premeia a «maior diferença entre o número dos golos marcados e o número de golos sofridos pelos clubes nos jogos realizados em toda a competição».

Este é o ponto que favorece o Benfica e prejudica o FC Porto num cenário de igualdade pontual. É que as águias partem para a última jornada com uma diferença de golos de +59, enquanto que os dragões têm +48. Onze golos de diferença, portanto.

Neste cenário o Benfica terminaria a época com um empate diante do Santa Clara, pelo que manteria a diferença de golos: +59.

Agora vamos imaginar que o FC Porto conseguiria um triunfo por onze golos de diferença, frente ao Vitória de Guimarães, e conseguiria a mesma diferença do Benfica: +59.

Isso obrigava a saltar para a alínea D do referido artigo do regulamento, que premeia o «maior número de vitórias em toda a competição». Tendo em conta que, neste cenário, o Benfica empataria com o Santa Clara e o FC Porto ganharia ao Vitória, então ambos os candidatos ao título ficariam com 27 vitórias.

Passamos então para a alínea E, que dá vantagem a que tem «maior número de golos marcados em toda a competição». Neste momento o Benfica tem 79 golos marcados, para 70 do FC Porto, mas se os dragões conseguissem o tal triunfo por onze golos de diferença, ficariam com mais golos marcados.

Mas, dentro deste exercício especulativo, e se o Benfica empatasse 2-2 com o Santa Clara, e o Vitória de Guimarães ganhasse 11-0. Então as duas equipas terminariam ambas com 85 pontos, com o confronto direto anulado, com a mesma diferença de golos, o mesmo número de vitórias e os mesmos golos marcados.

Chegados aqui, o título seria então decidido com uma final em campo neutro, para decidir o campeão.

Improvável? Sem dúvida. Mas previsto no regulamento.