Dia de emoções fortes e tensão no Dragão. Das bancadas ao relvado, o FC Porto-Vizela teve (muito) mais história do que aquela que seria de esperar e a equipa portista teve de se manter imune ao ruído para levar de vencidos os vizelenses. Conseguiu-o, por 4-1, sobretudo graças ao talento de um menino que esta época se tem tornado homem e contraria o dito popular de que não se deve voltar a uma casa onde já se foi feliz.

O FC Porto entrou forte e à procura do golo, sofreu um rude golpe quando Pepe marcou um autogolo caricato e as claques não ajudaram com o protesto que durou toda a primeira parte em forma de silêncio – alguns até abandonaram os respetivos setores durante o jogo. No meio deste cenário negro, sobressaiu o talento de Francisco Conceição.

À beira de juntar-se à seleção principal, o atacante portista, que ainda é um miúdo, mostrou que é ao lado dos graúdos que deve estar e empurrou a equipa para a terceira vitória consecutiva na Liga, além da acrescida pressão nos rivais, que só jogam no domingo.

Conceição não dá descanso

Ao contrário do que seria expectável, Sérgio Conceição repetiu o onze que usou em Londres, na eliminação nos oitavos de final da Champions, frente ao Arsenal. Mesmo com 120 minutos das pernas, muitos dos jogadores foram titulares, como Alan Varela, que até tinha saído de maca no Emirates.

A ideia de Conceição talvez passasse por reconhecer o esforço e valentia diante do Arsenal, enquanto procuraria resolver o jogo cedo. De resto, os portistas tiveram uma entrada acutilante, com a imprevisibilidade de Francisco Conceição a causar estragos no corredor direito.

Esse domínio inicial, porém, não foi traduzido em golos e, num lance aparentemente inofensivo, o Vizela colocou-se na frente. Pouco depois do primeiro quarto de hora, Samuel Essende carregou a bola e tirou um cruzamento rasteiro, Pepe teve tempo e espaço na área, mas empurrou a bola para a própria baliza e deixou Diogo Costa sem qualquer hipótese de defesa.

O golo sofrido abanou claramente o ímpeto do FC Porto, seguindo-se um vasto conjunto de lances precipitados e passes falhados. Ainda assim, perto do intervalo, a equipa de Conceição reagiu e esteve várias vezes na área vizelense, mas o adversário colocou muita gente na frente dos remates. «O FC Porto quer entrar com a bola dentro da baliza», escutava-se nos corredores do Dragão e há poucas formas mais simples (mas eficazes) de explicar o que se passou nesse período.

Lacava estendeu a passadeira

Sem qualquer remate ao fim de 45 minutos, seria preciso uma postura diferente por parte do Vizela ou então o caudal ofensivo portista quebraria o muro erguido à frente da área de Buntic. Nem cinco minutos da segunda parte estavam decorridos quando Lacava fez falta sobre Francisco Conceição e deixou a sua equipa em inferioridade numérica.

Aí, estendeu-se a passadeira para a reviravolta portista. E quem é que a iniciou? Francisco Conceição, claro está. Pouco depois do vermelho exibido a Lacava, o extremo armou novo remate de fora da área e bateu Buntic com um golaço.

O balão de confiança dos azuis e brancos encheu-se e, a partir daí, a vitória surgiu com naturalidade. Aos 68 minutos, Pepê consumou a cambalhota no resultado após um excelente passe de Namaso. O FC Porto tranquilizou-se e ainda deu para Evanilson e Toni Martínez marcarem o «seu» golinho, que fundamental na vida de um ponta de lança.