Este é daqueles jogos que mostra como tudo pode mudar de um momento para outro. E não só por isso, mas também, chama-se futebol.

O Paços-Belenenses mostrou como o conforto e a segurança de uma vantagem mais do que meritória pode rapidamente virar receio e perigo. Isso aconteceu a um Paços que aos 20 minutos já vencia por 2-0 e podia ter feito mais golos numa primeira parte fantástica. Não o fez e sofreria com isso.

O 2-1 aos 60 minutos, aparentemente improvável dado o rumo dos acontecimentos, mudou bastante o figurino do jogo. O que parecia ser um 3-0 iminente, virou 2-2 num quarto de hora. E os três pontos que pareciam encaminhados para o Paços resultaram no terceiro empate consecutivo. Para a equipa de Petit, foi o quarto empate seguido, o quarto ponto e a saída do último lugar. Mas vitórias, nem vê-las.

O duelo entre castores e azuis foi rico em quase tudo. Quatro golos. Três bolas nos ferros. E mudanças vertiginosas nas emoções. Nos estados anímicos.

A primeira parte foi toda do Paços e os dois golos mais do que justificados. Aos 12 minutos, Luiz Carlos intercetou a Danny numa saída de bola curta e Hélder Ferreira assistiu depois Nuno Santos para o 1-0. A seguir, dois destes protagonistas estiveram no 2-0 saído do laboratório de Jorge Simão: Antunes bateu o livre curto para Luiz Carlos que, de costas para a baliza, assistiu Hélder Ferreira para um remate certeiro. O extremo saiu da zona da barreira e surpreendeu as marcações dos azuis.

Paços-Belenenses: o filme do jogo

O Paços vencia, dava perfume ao seu futebol com jogadas quase ao primeiro toque e mais ocasiões. A si deveu a possibilidade de outra diferença: entre o 1-0 e o 2-0, o remate com estrondo de Lucas Silva, ao poste, é exemplo disso (16m).

O Belenenses, praticamente inexistente até então, surgiu do (quase) nada já com Pedro Nuno e Rafael Camacho em campo, na segunda parte. Os dois renderam Afonso Sousa e Danny Henriques ao intervalo, mexeriam claramente com o jogo da equipa e estiveram no lance que Ndour concluiu na recarga a um remate de Camacho intercetado por Maracás, que sobrou para o segundo poste (60m).

A partir daqui, muito mudou além do resultado.

O Paços, que teve janelas de oportunidade para o 3-0, viu o jogo fugir-lhe aos poucos e as emoções também foram alternando nos adeptos nas bancadas. Lá dentro, o Belenenses tornou-se mais perigoso e deu três avisos para o que faria por fim. Primeiro, Safira cabeceou a centímetros da trave (64m), Carraça assustou de livre direto (70m) e Rafael Camacho rematou em jeito ao ferro (71m). O 2-2 surgiria aos 76 minutos, após um canto ao qual Safira correspondeu com um remate certeiro ao segundo poste.

Foi já sem a vantagem que o Paços criou mais perigo e Lucas Silva cabeceou ao ferro (79m), mas nada mais mudou, num jogo que acabou com um lance em que Pedro Nuno pediu falta de André Ferreira para penálti – não considerado pelo VAR. A maior penalidade foi mesmo para o Paços, que ia embalado para a vitória que acabou por não acontecer.