Toni, pai de António Oliveira, manifestou-se «orgulhoso» com a oportunidade que o filho teve agora para treinar o Corinthians, depois do sucesso no Cuiabá. A antiga glória do Benfica chama a atenção para o «desafio tremendo» que o filho vai ter pela frente, no comando de um dos maiores clubes do Brasil, garantindo que não há «segredo» para o sucesso dos treinadores portugueses no Brasileirão, considerando que também «perdem como todos os outros».

Em entrevista à Globo, Toni, de 77 anos, com uma carreira ímpar no futebol português, com 14 títulos de campeão, segue agora os passos do filho no Brasil. «É natural que o filho herde a paixão pelo futebol, mas o António fez uma carreira académica na universidade e, ao mesmo tempo, foi jogando em equipas menores. Acabou por fazer o curso, mestrado e teve a experiência de jogo e juntou a ciência do treino. Preparou-se para uma função de grande exigência, soube preparar-se e agarrar a oportunidade», destaca o pai orgulho.

António Oliveira, depois de uma curta carreira como jogador, começou a o percurso como treinador como adjunto do pai, no Irão, na equipa do Tactor, de 2012 a 2016. Depois, foi pela primeira para o Brasil, por indicação do pai, para ser adjunto de Jesualdo Ferreira no Santos.

«Ele trabalhou comigo antes do Jesualdo, duas ou três vezes no Irão, um clube muito especial, onde vi que cada vez mais ele era treinador. Ele tem uma história muito rápida aqui, uma paixão pelo futebol, pelo jogo e outros fatores que aumentaram sua bagagem como treinador. Tudo que tem conquistado tem sido por ele. O desafio da passagem pelo Brasil tem sido importante no seu crescimento como treinador», destacou o antigo internacional português.

Toni recusa o papel de empresário do filho, quer ser apenas um conselheiro, sobretudo, nos momentos mais difíceis. «Não sou agente ou mentor do António, procuro apenas nos momentos menos bons, porque a vida de um treinador há altos e baixos, estar ali a aconselhar para que nunca desista. Ele tem aquilo que é fundamental para um treinador: liderança, que não se compra no mercado, ou tem ou não tem; comunicação, hoje é algo fundamental até pelas redes sociais para dentro do clube, da equipa e com jogadores e com a imprensa, para falar antes e depois do jogo; conhecimento, que é determinante compreender o jogo e entender que não se sabe tudo de futebol, não se resume apenas tático, tem que prestar atenção no jogador e no homem», referiu.

Depois dos sucessos de Jorge Jesus (Flamengo) e Abel Ferreira (Palmeiras), as expetativas sobre António Oliveira são elevadas, mas Toni chama a atenção para um «desafio tremendo». «Os treinadores portugueses perdem como todos os outros, não há segredo. É um desafio tremendo, peço que o António entenda tudo que está a viver e que acredite no trabalho e nos jogadores, é nesse acreditar nos jogadores a grande muleta para perceber que não se ganha nada sozinho. Não pode deixar de estar feliz», destacou ainda o pai de António Oliveira.