O treinador José Gomes, que regressa ao Marítimo após uma passagem em 2019/20, admitiu que a gravidade da realidade atual do clube, penúltimo classificado da I Liga, é «um bocadinho mais alta».

«O cenário, os jogadores e as preocupações são diferentes. Não sei se por ter estas neste momento, parecem-me preocupações mais justificadas. A gravidade da realidade atual é um bocadinho mais alta», destacou o novo treinador confirmado na passada quinta-feira pelos madeirenses.

O técnico, de 52 anos, regressa ao emblema insular após ter orientado a equipa na temporada 2019/20 e é o terceiro treinador do Marítimo na presente temporada, depois de João Henriques e Vasco Seabra.

O treinador, natural de Matosinhos, encontra a equipa na 17.ª e penúltima posição da I Liga, em zona de descida direta, com apenas seis pontos somados e já afastado da Taça de Portugal e da Taça da Liga.

Apesar do cenário não ser o mais favorável à formação insular, José Gomes enaltece «a vontade, energia e, sobretudo, o otimismo e esperança de que as coisas vão realmente ficar bem», baseando-se na qualidade dos jogadores que já integram o plantel, suficiente para «sair da situação em que o clube se encontra».

O novo técnico foi questionado quanto à convicção dos jogadores quanto à manutenção na I Liga, tendo ressalvado a falta de confiança da equipa.

«Acho que nenhum jogador que não acreditasse o iria manifestar e a confiança que têm não pode ser muita, porque o que dá realmente confiança é o sucesso. Já vimos estes jogadores a jogar num nível mais alto. São as mesmas pessoas e têm as mesmas qualidades, não perderam qualidade, perderam confiança e é aí que temos que os ajudar», sublinhou.

José Gomes lembrou ainda que é nestas situações que o apoio dos adeptos é ainda mais necessário, apesar de «a vontade, às vezes, não ser essa», ressalvando que o apoio dos maritimistas tem sido exemplo para o futebol português.

«O apoio tem sido uma constante, exemplar para o futebol português. Ver o estádio completamente cheio na situação em que o Marítimo se encontra, significa que é um clube grande, dentro daquilo que é a realidade portuguesa», afirmou o técnico, que garantiu a manutenção aos insulares na época 2019/20.

O treinador lembrou a sua passagem por FC Porto e Benfica - integrou em ambos a equipa técnica de Jesualdo Ferreira, nos dragões (2008-2010) como treinador adjunto e nos encarnados (2001-2003) enquanto preparador físico –, frisando que «a forma como os adeptos [do Marítimo] sentem e vivem o dia a dia do clube é igual a um ‘grande, numa dimensão diferente».

«Em Portugal encontramos isso nos três grandes, no V. Guimarães, porque é um clube com o qual as pessoas da cidade vivem de uma forma especial. O Sp.Braga estruturou-se, modernizou-se e tem uma perspetiva de futuro extraordinária, mas a realidade humana de apoiar, o impacto que os adeptos têm no dia a dia do seu clube, hierarquizaria desta forma: primeiro tem os três grandes, V. Guimarães e depois o Marítimo», explicou.

No próximo jogo, o Marítimo visita Vila do Conde para defrontar o Rio Ave no próximo dia 23 (20h15), em jogo antecipado da 14.ª jornada da I Liga.

«Estou ansioso por voltar ao Estádio do Marítimo, mas, até lá, ainda temos um jogo muito difícil, diante de uma equipa com a qual eu também já trabalhei e que está a jogar muito bem e a fazer um excelente trabalho», afirmou, enfatizando que espera que no regresso a casa possa já ter mais três pontos somados.

O técnico admitiu ainda que os adeptos foram um dos motivos que o levaram a aceitar a proposta dos verde-rubros. «Os adeptos foram um dos pilares que nesta tomada de decisão, contrariamente às muitas pessoas que me aconselharam a não aceitar este repto, que vai ser difícil e duro. Se Deus quiser vamos retribuir esse apoio com os pontos necessários para resolver a situação em que nos encontramos», concluiu.