Um motorista português de transportes de pesados, que está a trabalhar na transferência de bens essenciais à população, partilhou no domingo um relato vivo e sintomático das dificuldades e exigências que a classe está a ter no dia a dia.

Da dificuldade em comer, porque os restaurantes estão fechados, aos locais com casas de banho interditas, José António Gonçalves lembrou que ele e os colegas andam estrada fora para repor produtos nas prateleiras dos supermercados e longe do «conforto» do lar, ao contrário de milhares de pessoas.

«Está a chover. Os restaurantes... tudo fechado. Estou parado para carregar carga para Portugal, eu e outros colegas. A nossa vida é esta, repor nas prateleiras o que falta. E muita gente chega lá, agarra, leva para casa, só que esquecem que as coisas não nascem nas prateleiras. Somos nós que as transportamos. E depois um gajo vai aí a uma casa de banho, para fazer necessidades, e tem de pagar cinco euros. E diz na porta: interdito a chauffeurs. Enquanto estão em casa, no conforto dos vossos lares, mas com a família, nós colegas estamos aqui ao ar livre, a grelhar duas postas de salmão para almoçarmos. Muita gente diz que o pessoal está na linha da frente, mas não se esqueçam de quem está na retaguarda», reportou, através da rede social Facebook.