Steve/Gerrard, Gerrard/he´ll pass the ball 40 yards/he's better than Frank Lampard/Steve/Gerrard, Gerrard... Para mim, está perto do fim. The End! Preciso de um milagre para não acabar já. Hoje ainda não, mas já. Vocês perceberam. Os outros continuarão, eu digo goodbye, folks. Já chega de kick and rush. De rush and shoot. De remates de fora da área, de sprints intermináveis, de cruzamentos, de golos de cabeça. Espera-me talvez uma cadeira e um microfone, como muitos da minha geração. O Neville, o Owen, o Scholes. Mas daqui do pitch, com os três leões ao peito, é o fim. A não que ser que haja milagre, que no futebol já vi muita coisa. Será que o velho Roy tira-me da equipa? Estive mal. Uma lástima. Fui eu quem perdeu aquela bola para o Lodeiro, e depois tudo desabou. Do Cavani para o Suárez, que tanto gozámos com as suas parecenças com o Freddie Mercury, com quem tanto embirrámos por aquela leveza insustentável dentro das áreas no nosso association. Eu que o conheço tão bem! Eu que vi aquele corte nas costas do Jagielka. Ainda gritei. Mas não me ouviram. Como seria possível ?  E o Cavani adivinhou-o. Ele também o conhece muito bem. Se calhar ainda jogaram juntos nas ruas de Salto, ali na fronteira com a Argentina, eles que têm a mesma idade, menos de um mês a separá-los. E o Jagielka ficou para trás, ele saltou. A bola ainda estava a entrar e ele já tinha os punhos cerrados. Já corria para a linha lateral. Que vilão! Os vilões também são felizes, claro. Talvez até mais do que os outros. Ele que fez aquele penálti há quatro anos, lembram-se? Aquele penálti que o Gyan desperdiçaria; e o Uruguai seguiu para as meias-finais! Também o Lodeiro tinha sido expulso na estreia em África, frente à França, e hoje foi dos melhores. Deixou-me de rastos no primeiro golo. O Rooney ainda empatou, e deu-nos esperança. I was happy for him. Tantos jogos e um golo, finalmente. Tantas críticas depois! E feliz por nós todos, que estávamos outra vez na luta. Só que, num pontapé de baliza... God! Num pontapé de baliza, saltei com o Cavani, e desmarquei o Suárez outra vez. Que diabo! Dois remates, dois golos! E que golo, outra vez! Coitado do Joe! E nós de gatas. Se não fosse meu colega dava-lhe um soco para lhe tirar aquele sorriso da boca. Parece que estou a ouvi-lo cantar: ...It's a kind of magic!


«Não crucifiquem mais o Barbosa» é um espaço de opinião/crónica da autoria de Luís Mateus, subdiretor do Maisfutebol, que aqui escreve todos os dias durante o Campeonato do Mundo.  É inspirado em Moacir Barbosa, guarda-redes do Brasil em 1950 e réu do «Maracanazo». O jornalista é também responsável pelas crónicas de «Era Capaz de Viver na Bombonera», publicadas quinzenalmente na  MFTotal. Pode segui-lo no  Twitter ou no  Facebook.