Carvalho da Silva, líder da CGTP, disse hoje que o poder económico e financeiro está-se «borrifando» para o PSD, porque «já está servido com o governo que tem excesso de compromissos com o neoliberalismo», avança a agência Lusa.

Na abertura do plenário distrital de Aveiro, o secretário geral da CGTP-In, considera que se assiste «a uma deterioração política sem paralelo na história da democracia portuguesa, em que é o poder económico e financeiro quem manda e ao qual se submete o governo e os partidos da direita».

«Veja-se a bagunça no PSD: os sectores da sociedade para quem esse partido é instrumento político estão-se borrifando e para eles pode até ser presidido por um macaco qualquer, porque já estão servidos com o governo do PS, que tem excesso de compromissos com o neoliberalismo», disse à agência Lusa.

Na revisão do Código do Trabalho, Carvalho da Silva sustenta que «os objectivos do governo e do grande patronato são consonantes».

Para tal baseia-se no relatório da comissão do livro branco, «que é da responsabilidade do Governo», e que classifica como «rampa de lançamento para a ofensiva patronal, que tem como receita um modelo de precariedade e de salários baixos e de facilitação de despedimento».

Para o líder da CGTP-In, está na altura de se fazer uma avaliação dos sacrifícios exigidos aos trabalhadores, nomeadamente nos cortes salariais e regalias, em nome do desenvolvimento do país. Desde 1999 que o país tem tido o pior desenvolvimento da Europa, e considera que os sacrifícios têm sido em vão, uma vez que este crescimento não gera emprego.

«Não tem havido outra solução se não explorar os trabalhadores, ao mesmo tempo que uns quantos enriquecem de forma vergonhosa, com a destruição do aparelho produtivo e o favorecimento da especulação», adianta à agência Lusa.

A falta de medidas no plano interno, face a subida das taxas de juros fora também alvo de criticas. «O dinheiro está mais caro e o que se perspectiva é que se mantenha caro por bastante mais tempo o que cria problemas aos trabalhadores e às pequenas empresas».

Carvalho da Silva referiu ainda a proposta da central sindical para a actualização do salário mínimo em 422.50 euros, de forma a atingir os 459 em 2009 e os 500 em 2001.

«Esperamos que não haja a pouca vergonha de não querer cumprir o compromisso assinado pelo governo e aceite pelos patrões no ano passado quanto ao salário mínimo».