O Governo não recua nos aumentos salariais e anunciou esta quarta-feira aos sindicatos que vai manter a proposta inicial de 2,1 por cento. À saída da ronda negocial com os sindicatos, Teixeira dos Santos explicou que este valor equivale àquilo que as «condições financeiras do País permitem. Não havia mais margem».

O ministro explicou ainda que o aumento «permitirá manter manter o poder de compra dos funcionários públicos» e recordou que «estamos ainda num processo de redução do défice».

Os sindicatos da Função Pública lamentaram que o Governo mantenha a proposta de actualização salarial nos 2,1 por cento, mas, para já, apenas a Frente Comum decidiu partir para a greve ainda este mês.

A Frente Comum, afecta à CGTP, anunciou a realização de uma greve na segunda quinzena de Novembro, não tendo avançado com o dia exacto, para tentar obter o apoio das outras estruturas sindicais afectas à UGT.

À saída da reunião com o secretário de Estado da Administração Pública, o secretário coordenador da Frente Sindical da Administração Pública (FESAP), Nobre dos Santos, manifestou-se furioso com a posição assumida pelo governo.

«Estamos furiosos com a posição que o Governo está a assumir com os trabalhadores da Função Pública. Não somos patetas», afirmou Nobre dos Santos. Questionado sobre uma possível adesão à greve convocada pela Frente Comum, Nobre dos Santos disse que a estrutura sindical vai analisar o resultado da reunião de hoje e «decidir em conformidade».

O presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Bettencourt Picanço, que só é recebido durante a tarde, defendeu que o Governo tem margem para negociar além dos 2,1 por cento, pelo que lamenta que ainda não tenha dado um sinal que está disponível para negociar.

Bettencourt Picanço lembrou que o STE já apresentou uma contraproposta reduzindo de 3,5 para 3,3 por cento a actualização salarial para 2008. Em relação à greve, Bettencourt Picanço afirmou que o esforço do STE «ainda vai para a negociação», acrescentando que as negociações ainda vão prosseguir relativamente a outras matérias, nomeadamente subsídio de desemprego para os funcionários públicos, mobilidade especial e aposentação.