Foi com «obrigado» que Fernando Nobre foi aclamado na noite em que conseguiu um terceiro lugar nas eleições presidenciais. O candidato independente não hesitou em chamar à sua candidatura a «grande vitoriosa» das eleições.

«Independentemente do que se diga amanhã, mais uma vez, os opinadores encartados que tudo sabem mas que não têm a coragem de se erguer para demonstrar o que eles sabem sobre o povo português, esta candidatura foi a grande candidatura vitoriosa desta noite, isto ninguém nos pode tirar», declarou, sempre interrompido por aplausos fortes.

O candidato, que concorreu sem nenhum apoio e que conseguiu uma campanha que lhe permitiu revirar um resultado que se previa de pouco sucesso, não deixou de salientar as características de uma candidatura única em 100 anos de república.

«Esta candidatura da pura cidadania teve um resultado histórico, tremendo que ninguém vai poder negar. Se houve um ganhador foi a candidatura da cidadania. Com cerca de 14 por cento dos votos e 500 mil votantes, não tenhamos dúvidas, a cidadania está viva. O futuro do nosso país terá de ter isso em conta doravante». Nobre agradeceu aos voluntários que sem nenhuma remuneração «permitiram que esta candidatura, a única com estas características em 100 anos da República, fosse a vitória que ela hoje representa».

Para além dos agradecimentos, Fernando Nobre não deixou de apontar criticas à cobertura das eleições e aos resultados das sondagens. «A cidadania demonstrou que tem futuro em Portugal. Esta foi a candidatura que não teve nenhum apoio partidário, nenhum apoio de uma máquina e que teve que vencer contra um silenciamento quase sistemático da comunicação social, e contra uma manipulação para a qual não encontro nenhum adjectivo para a classificar, manipulação sistemática de todas as empresas de sondagens em Portugal».

Fernando Nobre deu ainda os parabéns a Cavaco Silva e pediu aos seus apoiantes que ajudem o Presidente eleito a exercer o seu mandato. O candidato independente não deixou de reafirmar que sai das eleições de cabeça erguida. «Assumi um dever com o meu país, tinha que fazer o que fiz e estou contente por tê-lo feito».

A candidatura de Fernando Nobre acabou de forma como começou. Quando surgiu pela primeira vez o nome do médico da AMI, houve quem estimasse um fenómeno semelhante ao de Alegre em 2006. Não chegou a tanto, mas os momentos baixos que ocorreram na pré-campanha não se confirmaram. Nobre soube dar a volta e segurou um terceiro lugar, que mostra, mais uma vez, que Portugal não vira a cara às candidaturas que se afastam dos partidos políticos.
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