«Quando me perguntam quais são os meus maiores títulos na formação, eu respondo que é quando me sento no sofá e ligo a Premier League, a La Liga, a Liga francesa e a Liga alemã e vejo a seleção nacional inundada de jogadores com os quais eu trabalhei.»

Quem o diz é Renato Paiva, treinador que acaba de colocar um ponto final numa ligação profissional de 16 anos ao Benfica e onde passou por praticamente todos os escalões.

Ainda antes da viragem do ano – e prestes a seguir de viagem para o Equador, onde vai treinar o Independiente Del Valle – o técnico de 50 anos falou, numa grande entrevista ao Maisfutebol, do novo desafio e fez uma retrospetiva de uma vida ao serviço do clube da Luz, para o qual entrou ainda antes da criação do Seixal.

Neste excerto de uma longa conversa, Renato Paiva recorda o que era a formação do Benfica quando lá chegou – «estava em escombros» - e conta como ela se foi reerguendo até conseguir formar talentos de nível mundial. Fala ainda de João Félix – um «extraterrestre» que aponta à Bola de Ouro – das melhores gerações que lhe passaram pelas mãos e do título em 2019 com Bruno Lage ao leme. «Senti que o meu trabalho fez muito sentido. Foi o momento mais visível em termos coletivos do meu trabalho enquanto treinador. É tocar no céu enquanto treinador formador», diz, abordando depois a queda da equipa principal no ano seguinte ao campeonato conquistado com vários jovens saídos da formação e a mudança de estratégia numa nova época marcada por um forte investimento. «Não acho que o que está a acontecer seja um retrocesso. É as pessoas perceberem que se calhar não era possível daquela forma.»

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Maisfutebol – Entrou no Benfica em 2004 como prospetor. Além dos jogadores que ajudou a formar nestes 16 anos, descobriu muitos talentos?
Renato Paiva –
Descobri alguns, mas não era fácil encontrar ali talentos. Lembro-me por exemplo do Leo Pimenta, que estava no Sp. Covilhã. O Cancelo, por exemplo, juntamente com o mister Adolfo (Calisto). Eu estava na região de Setúbal e não podia encontrar muito mais do que aqui no distrito, que era a minha área de prospeção. Não descobri muitos que estejam aí na voga, mas muitos entraram para a formação do Benfica.

MF – E focava-se mais em que faixas etárias?
R.P. – Via tudo! Entre sábado de manhã e domingo à tarde batia os campeonatos todos. Recebíamos um mapa de atividades para o fim de semana e ‘bora. Depois, como só fazia isso, quando as seleções distritais se concentravam durante a semana, também ia ver os treinos das seleções distritais e ia ver alguns torneios de seleções quando elas se concentravam. É óbvio que é muito difícil encontrar-se um júnior para o Benfica. É mais fácil encontrares cá em baixo do que em júnior.

MF – Em que pé estava a formação do Benfica naqueles tempos ainda pré-Seixal?
R.P. – Estava pós Vale e Azevedo. Respondi à pergunta?

MF – Sim…
R.P. – Estava em escombros. O António Carraça entra e é ele quem monta isso tudo. Juntamente com o presidente e o Dr. Domingos Soares de Oliveira, pensam nesta ideia e dá-se o passo para a criação do Seixal. Mas eu sou do tempo em que como adjunto do Bruno Lage treinávamos os sub-10 às 16h00 nos Pupilos do Exército e depois, como acumulávamos, íamos treinar os juvenis às 19h00 para Odivelas ou para o Monte da Galega. Não havia nada: começou foi a haver pessoas. O António Carraça teve o mérito de escolher um conjunto de pessoas – e muitas delas ainda estão no Benfica – e foram essas pessoas e a estabilidade dos treinadores, que o presidente sempre defendeu, que foi o grande segredo. Foram estas pessoas que foram erguendo aos poucos a formação, que teve um upgrade brutal com o Benfica Campus. Isso foi fundamental para o grande salto qualitativo da formação do Benfica.

Foto: arquivo pessoal

MF – Sente que nesses primeiros tempos se olhava com desconfiança para a formação do Benfica? No ano passado, o Maisfutebol entrevistou o João Tralhão e uma das frases que ele usou foi: ‘Para um pai, o que conta é o pacote completo.’ Qualquer pai quer um filho num grande, mas acima de tudo com boas condições. Isso era um handicap, ainda para mais quando se competia com um Sporting?
R.P. – Claro! Bastava os pais terem uma reunião. O Benfica apresentava uma mão cheia de nada, um campo para treinar aqui ou ali, os Pupilos que tinham um campo pelado e o Sporting apresentava uma academia. Logo aqui vê-se. Percebe-se para onde é que ia o jogador. Não havia dúvidas. Ou, tal como o pai, era um grande benfiquista e queria jogar no Benfica, ou então ia tudo para o Sporting. E aconteceu-nos o inverso: grandes benfiquistas e pais a irem para o Sporting. Nós aí sentimos grandes dificuldades, mas depois aconteceu o inverso. Criámos o centro de estágio e a seguir aparece a Benfica TV. E parece um pequeno detalhe, mas é grande.

MF – Os miúdos aparecerem a jogar na televisão…
R.P. – ‘Eu’ sou de Guimarães, de Famalicão ou de Trás-os-Montes. Meto o meu filho no Benfica e não tenho hipóteses de ir ver o Benfica jogar, mas vejo-o na televisão. Vejo eu e a minha família toda. E aí o barco tombou para o nosso lado. Quem era do Sporting e do FC Porto queria vir para o Benfica.

MF – E em que patamar está agora a formação do Benfica?
R.P. – Durante anos e anos o Sporting esteve na frente e depois nós dominámos claramente. Não lhe chamaria uma falência de projeto, mas houve algum desligar das pessoas que mandaram no Sporting e que olharam para a formação de outra forma. O FC Porto nunca foi um clube que apostasse nos jogadores da formação para a primeira: ou então emprestava-os dois ou três anos, como aconteceu em tempos com o Ricardo Carvalho e o Jorge Costa, para depois voltarem à casa-mãe. Com uma aposta muito forte e vincada, ganhámos o nosso espaço. Estivemos e estamos claramente à frente na quantidade de jogadores que debitamos. Só que, depois, o nosso crescimento assustou e alertou os adversários. Com este presidente, o Sporting voltou a tentar reeditar as questões do passado e o FC Porto começou a olhar para a sua formação com mais atenção: não estou lá, mas parece-me a vitória na Youth League quase que obrigou as pessoas do FC Porto a olharem para a formação. Isso e a vitória na II Liga obrigaram as pessoas a olharem. Neste momento, continuo a achar que o Benfica está muito bem, mas os adversários não estão muito longe. E o Sp. Braga está a ter um crescimento inacreditável: em termos de formação, é um grande. E este crescimento vai fazer uma coisa: nós antes íamos buscar jogadores ao Norte…

MF – E agora é mais difícil.
R.P. – O pai mora em Famalicão e diz que se calhar a diferença não é tão grande, mete-o ali perto no Sp. Braga e vê-o constantemente. As condições são boas, os profissionais são bons, o projeto pensado é bom e há casos de sucesso comprovado.

MF – São muitos os casos de jogadores formados no Seixal que dão cartas lá fora, mas só a partir das gerações de 96/97, com Gonçalo Guedes, Renato Sanches, Rúben Dias e Ferro, é que essa mudança de paradigma teve reflexos claros ao nível da equipa principal. Não foi um bocado tarde?
R.P. – Não. Porque os sucessos da formação acontecem sempre num período até cinco anos. Nunca se consegue ver resultados da formação em termos imediatos. Começa-se a ver ao fim de três a cinco anos. E essa geração que foi trabalhada desde pequena acaba por ganhar esse espaço, mas esse é um trabalho que já vem a ser feito muito de trás. É um trabalho muito invisível: colocar jogadores a jogar em escalões acima. Por exemplo, se pusesse o Guedes com 14 anos, com o potencial que tinha, a jogar no escalão dele, ele marcava dez golos. E não queríamos crescimento na facilidade. A mudança de paradigma passou um bocadinho por aí: agarrar nos jogadores de maior potencial e dar-lhes dificuldade nos escalões acima. E isto sacrificou muito os resultados. FC Porto e Sporting não faziam isso. Vou dar este exemplo: pouco depois de o Benfica criar a equipa B, houve um hiato de tempo em que FC Porto e Sporting foram campeões nacionais de juniores. Fora com todo o mérito, mas os melhores jogadores de juniores estavam todos a jogar na equipa B do Benfica. E o presidente abdicou literalmente de ganhar o campeonato de juniores. E quando o presidente entendeu que estava na altura de ganhar o campeonato de juniores, que foi o que aconteceu com o João Félix, que voltou aos juniores e foi o melhor marcador, o Benfica foi campeão de juniores. O caminho e escolha do Benfica é abdicar de títulos para acelerar o crescimento dos jogadores.

MF – Quando é que essa mudança de paradigma começou a desenhar-se?
R.P. – Penso que no último ano do Jorge Jesus [2014/15] começou a pensar-se mais nisso de deixar os campeonatos e em acelerar o crescimento dos jogadores. Houve muita gente a ir lá fora ver o modelo do Barcelona, modelos alemães e ingleses, onde na formação a malta não queria títulos: queriam era que os jogadores entrassem rapidamente nos escalões seniores. O Barcelona fazia isso como ninguém. Diziam que lhes custava títulos, mas permitia-lhes ganhar jogadores.

MF – Se jogadores como Bernardo Silva e João Cancelo, que são da geração de 94, tivessem crescido já dentro desse novo paradigma poderiam ter sido mais aproveitados na equipa principal?
R.P. – Percebo a pergunta, mas essas gerações chocam com plantéis do Benfica poderosíssimos. Onde é que ia jogar um Bernardo Silva com um Nico Gaitán, um Enzo Pérez, um Salvio e etc.? Muitos desses jogadores também não tiveram a paciência de esperar. Hoje em dia, esse é um problema dos jovens: querem tudo muito rápido e tudo à pressa. Pensam que o futebol é como as tecnologias: carregar no enter. E depois, como não jogam na equipa A do Benfica querem ir embora. Como se jogar na equipa A do Benfica fosse como beber uma água das Pedras… E isto vulgarizou-se muito na cabeça dos jogadores, com alguma influência dos pais, também de empresários e com o aliciamento de alguns clubes lá fora.

MF – O prestígio da formação do Benfica também captou essa maior atenção por parte de clubes estrangeiros, não?
R.P. – Exato. Há uma chancela. Vive-se muito da imagem que o jogador «marca Benfica» difunde por esse mundo fora. Antes não se falava tanto dos jovens do Benfica. Até que houve uma leva de jogadores que saíram praticamente ao mesmo tempo: Hélder Costa, Ivan Cavaleiro, Bernardo Silva, André Gomes. Começaram a difundir a qualidade dos jogadores do Benfica. Eu não tenho dúvidas que vou para o Equador porque estou ligado a uma academia de renome na formação de jogadores. Não agora, mas antes quando havia público, a lista de clubes a ver o Benfica B ou a equipa de juniores era inacreditável. Isto torna mais fácil ao jogador sair do Benfica. E entronca na falta de paciência, no não quererem esperar.

MF – Sente que no panorama atual, onde há claramente uma maior aposta na formação, é difícil repetir-se o que aconteceu com a geração de 94, que tinha vários jovens talentos, mas estavam tapados por grandes jogadores?
R.P. – Acho que eles vão ter oportunidades. Aliás, ainda o campeonato da II Liga vai com 13 jornadas e três jogadores já estão na equipa A: Gonçalo Ramos, João Ferreira e Tiago Araújo. E já todos jogaram! Não consigo é acreditar que se ganhem campeonatos com uma base de miúdos. Consigo acreditar é que se consiga encontrar uma mescla de experiência e de qualidade e que nessa mescla seja possível meter dois ou três miúdos sustentados pela experiência e qualidade dos outros jogadores. Mas, sinceramente, acho muito difícil ganhar-se um campeonato com uma equipa de miúdos. O Benfica conseguiu fazer isso no último título, é verdade, mas depois já não conseguiu.

MF – E porquê?
R.P. – Não sei. Talvez o impacto da mudança, o facto de o Bruno ter sido treinador de muitos deles na equipa B e ter-lhes dado a oportunidade da vida deles. Haver também uma forma diferente de jogar que surpreendeu os adversários, a aposta mais efetiva no João Félix… Mas também precisavam dos Jonas e dos Pizzis. Depois, a malta já começou a estudar mais a situação e os outros também jogam. Não pode ser só demérito de quem perde. E o mérito de quem ganha não existe? Quem ganhou, teve o mérito de perceber fragilidades. Mas, independentemente do que aconteceu, não acredito que grandes equipas consigam ser campeãs com uma base grande de jogadores jovens.

MF – E não acredita que possa haver um retrocesso depois do insucesso da época passada?
R.P. – Não acho que isto que está a acontecer seja um retrocesso. É as pessoas perceberem que se calhar não era possível daquela forma. Mudaram-se pessoas, mudou-se o treinador e, com isso, alguma mentalidade também. Procurou corrigir-se um ou outro erro que se cometeu. Mas não acredito em retrocessos. De maneira nenhuma! A aposta na formação continua vincada. A aposta na equipa B é forte e a aposta no Seixal também é forte.

MF – Mas…
R.P. –
E uma palavra para a prospeção da formação e para o Bruno Maruta e para o Rodrigo Magalhães: são duas pessoas absolutamente fundamentais na estrutura de formação do futebol do Benfica. O Bruno conhece todos os jogadores jovens de Portugal, é uma enciclopédia inacreditável e tem muita experiência. Está desde a génese disto e é, como eu costumo dizer, um dos guardiões do templo. O Rodrigo Magalhães, que coordena a base desde os meninos até aos iniciados, também está desde a génese e tem uma metodologia fortíssima de identificar e fazer crescer estes miúdos. Estas pessoas continuam a ser importantes no projeto do Benfica e continua a contratar-se bons jogadores na base. Só que as pessoas perceberam que isso não é tanto ao mar nem tanto à terra e então encontrou-se um equilíbrio. Mas volto a dizer: aquela célebre conversa de que o Jorge Jesus não aposta nos jovens… Ele não precisa que eu o defenda e nem estou a defendê-lo: estou a constatar um facto. E não é verdade que ele não aposte nos jovens. A prova está aí: já este ano, repito, ele puxou três jogadores para a equipa principal. Não jogam com a regularidade suficiente, mas ninguém mete um bebé a fazer sprints. Há timings para as coisas. Por exemplo, o Gonçalo Ramos ainda hoje é o melhor marcador da II Liga e fez quatro jogos no início. Havia uma pressão inacreditável e em todas as conferências de imprensa perguntavam se ele estava preparado para a equipa A e quando é que ele ia. Mas as pessoas acham que jogar na II Liga é igual a jogar na primeira? São realidades completamente diferentes. Há que dar tempo ao tempo: se há alguém que percebe de futebol em Portugal, entre muitos, é o mister Jorge Jesus. Ele saberá perfeitamente os timings que tem para lançar jogadores. Está a treiná-los, que é uma coisa que ele faz muito bem: é um génio do treino e uma pessoa com quem aprendi muito. As pessoas querem é tudo à pressa.

MF – Mas o adepto comum olha hoje para a equipa principal do Benfica e vê que o onze base não tem qualquer jogador da formação num ano em que foi feito um investimento sem precedentes na contratação de jogadores.
R.P. – Porque se calhar ainda não estão preparados. Ou querem que um Tiago Araújo tire o lugar a um Everton Cebolinha, um jogador de seleção brasileira? Ou ao Rafa ou ao Pizzi, que têm historial de seleção portuguesa? As coisas têm os seus momentos e nós temos de saber esperar. O que o adepto quer é ganhar, seja com juvenis, com juniores ou com jogadores de 50 anos. E se ganhar está bom. Se até for por 1-0 com um golo com a mão, também está bom: infelizmente em Portugal é assim. Quando o adepto sai de casa para ir ao estádio, não vai para ir ver futebol: vai para ver a equipa ganhar. E se não ganhar tem de haver culpados: o treinador, os jogadores ou o árbitro. Nunca há aquela cultura de dizer que foi um excelente jogo, mas a outra equipa foi melhor. É uma cultura radical. Quando não se ganha, procuram-se culpados e «vamos» chaciná-los. Se tiver miúdos da formação é obviamente melhor para o adepto, mas é a mesma coisa que eu disse do Bernardo: nunca jogaria com Gaitán, Salvio e Enzo. Têm é de saber esperar pelo seu tempo, como esperou o André Gomes, o Guedes e o Rúben, um dos melhores centrais do Mundo que andou na bancada e no banco de suplentes durante muito tempo. E não foi pior jogador por isso. As coisas têm o seu tempo. E agora vai dizer-me assim: «Ah, então e o João Félix?»

MF – Então e o João Félix?
R.P. – É a exceção! O João não é a regra. O João é um extraterrestre. Em termos de jogador, de talento e de qualidade, para mim é um dos candidatos à Bola de Ouro nos próximos anos. Já o disse há uns anos numa entrevista à jornalista Mariana Cabral, da Tribuna Expresso, quando tinha acabado de o treinar. E não o disse porque me apeteceu. O João é um predestinado, como era o Cristiano Ronaldo, o Figo e aqueles jogadores nos quais se juntam rapidamente todas as capacidades e os deixam preparados para darem resposta imediata. Os outros não: o João é a exceção e os outros são a regra, por isso precisam do seu tempo para que as coisas aconteçam.

MF – O que sentiu o Renato quando viu a equipa principal do Benfica ser campeão nacional com vários jogadores que passaram pelas suas mãos no onze?
R.P. – Senti que o meu trabalho fez muito sentido. O meu e o dos meus colegas. Que o grão de areia que dei no crescimento daqueles jogadores me encheu de orgulho. Enquanto treinador formador, senti que tinha ali o ponto alto visível do meu trabalho: o meu verdadeiro título. Claro que quando ganhava campeonatos de juvenis era muito bonito e importante, mas quando perdia não deixava de sentir que tinha feito uma boa época em termos formativos de jogadores. Foi o momento mais visível em termos coletivos do meu trabalho enquanto treinador. É tocar no céu enquanto treinador formador. Quando hoje me perguntam quais são os meus maiores títulos na formação, eu respondo que é quando me sento no sofá e ligo a Premier League, a La Liga, a Liga francesa e a Liga alemã e vejo a seleção nacional inundada de jogadores com os quais eu trabalhei e que fazem parte da marca Benfica. Se eu perguntar a um adepto quem foi campeão de juniores em 2003, ele não sabe dizer. Mas se perguntar onde é que o Renato Sanches ou o Guedes se formaram, o adepto vai responder Benfica. E isto diz tudo acerca do nosso trabalho.

MF – Essa equipa campeã tinha jogadores das gerações de 97 e 99. Foram as gerações mais fortes com as quais trabalhou?
R.P. – 1997 de certeza. Também 96 e 2001.

MF – 2001?
R.P. – A de 2001 é a geração cujo jogo que conseguimos jogar se aproximou mais daquilo que eu considero o meu jogo ideal. É uma geração que ainda vamos ver. Agora, a de 1997 deu jogadores que nunca mais acaba: Rúben Dias, Ferro, Diogo Gonçalves, Renato Sanches, Yuri Ribeiro, Guga, João Carvalho… É uma das melhores e mais completas, uma geração de ouro.

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