Quando, em setembro, Roberto Martínez convocou João Cancelo e João Félix para os jogos com Eslováquia e Luxemburgo, o selecionador nacional foi apanhado de surpresa com algumas críticas, isto porque a dupla do Barcelona não tinha ritmo competitivo.

«Foi uma surpresa, honestamente. Tenho agora muita experiência em acompanhar jogadores, em preparar estágios e o selecionador e a equipa técnica têm muita informação que não há fora da federação. Fiquei surpreso porque tínhamos muita informação num período muito difícil, em que a maioria dos jogadores estão na pré-época e com futuro instável», explicou Martínez, à agência Lusa, antes de destacar o «talento» da dupla que joga na Catalunha.

«O que os jogadores fizeram nos estágios anteriores é muito mais importante do que a situação que estão a viver. Ambos deram uma resposta muito boa no relvado. Cancelo, por exemplo, mostrou que estava a um nível muito alto e que não há outro jogador com as mesmas valências», afirmou.

Martínez teceu ainda rasgados elogios a Félix e considerou que o avançado foi o melhor jogador a atuar na Europa nos meses seguintes a esses jogos ao serviço da seleção

«O João Félix, depois desses jogos, foi provavelmente o melhor jogador da Europa em setembro e outubro. Mas, as expectativas para a nossa seleção e as largas opções que temos abrem os comentários a críticas e é preciso aceitar isso», sublinhou.

O avançado de 24 anos, entretanto, perdeu o estatuto de titular e Martínez acredita que a situação de empréstimo pode estar ligada a essa opção. «A passagem de Félix pelo Chelsea ajudou muito à sua formação, mas precisa de uma situação estável. Ele está emprestado e isso não é uma situação estável. Tem sido determinante no FC Barcelona e, sempre que entra, faz golos ou assistências. Precisa de estabilidade.»

O selecionador nacional rebateu ainda as críticas de que Portugal tem um grupo fechado com o exemplo de João Neves, médio de 19 anos do Benfica que foi lançado na seleção AA por Martínez.

«Foi uma surpresa. É um exemplo do que temos no futebol português e da sua estrutura de formação. A seleção é um espaço muito competitivo, mas também tem a porta aberta para quando um jogador merece lá estar. Foi o caso do João Neves. É um exemplo para todos os jogadores jovens e que mostra que a porta está sempre aberta», concluiu.