No primeiro de cinco testes antes do Euro 2024, Portugal deu cartas frente à seleção sueca. Acabou por não ser tudo brilhante, mas foi de mão cheia: 5-2.

Mesmo com alguns trunfos importantes fora do baralho para o jogo em Guimarães, a seleção venceu, convenceu e mostrou ter de tudo um pouco. Soluções de sobra em campo, verdadeiros ases no seu jogo para resolver e cortes para anular o que viesse do adversário.

Contas feitas, uma goleada no Minho, numa casa onde Portugal tinha perdido os três anteriores jogos particulares na história. Desta feita goleou e conseguiu igualar a maior diferença de sempre contra a Suécia (em 2020 venceu por 3-0), na noite marcada pela estreia de Jota Silva na seleção nacional. Na casa do seu Vitória.

E vitória foi também o que Portugal construiu desde cedo: ao intervalo, já vencia por 3-0. Numa primeira parte de alto nível depois de algum equilíbrio nos minutos iniciais, Portugal marcou três golos em quatro remates à baliza, com jogadas e finalizações de grande qualidade. Rafael Leão (24m) abriu, Matheus Nunes aumentou para 2-0 (33m) e Bruno Fernandes fez o 3-0 à boca do intervalo (45m). Na segunda parte, o recém-entrado Bruma fez o quarto (57m) e Gonçalo Ramos colocou a vitória de Portugal na mão cheia (61m), antes de Nilsson fechar as contas.

Na estreia de Jon Dahl Tomasson na seleção sueca, Portugal só não teve a carta para defender-se da finalização do inevitável Viktor Gyökeres, ao minuto 58, e da de Gustaf Nilsson, em cima do minuto 90, no último lance. Golos que tiraram um pouco de brilho a um resultado que podia ter sido bem mais volumoso.

Em Guimarães, deu mesmo para quase tudo. Golos, apostas táticas, estreias e espetáculo. Nélson Semedo brilhou e fez duas assistências, assim como Bernardo Silva, um às na sueca desta noite, tal como Bruno Fernandes. Roberto Martínez começou num 4x3x3, com Pepe e Rúben Dias para travar Gyökeres e com sete mudanças face ao fecho da qualificação, mudando para três centrais na segunda parte, com as entradas de Toti Gomes e António Silva.

Pode até deixar pena a quem gosta de futebol ver a Suécia fora do Euro 2024. Não é a Suécia que teve Henrik Larsson ou Zlatan Ibrahimovic, mas tem talento a afirmar-se: Gyökeres, Isak, Cajuste ou Elanga, por exemplo. Mas Portugal mostrou que tem uma casa com alicerces muito mais firmes do que esta Suécia de Tomasson, que depois do 1-0 caiu quase que como um castelo de cartas.

Depois de algum equilíbrio a abrir e até alguma confiança e conforto da Suécia, Portugal implementou o seu jogo e Robin Olsen adiou o golo a Matheus Nunes com uma enorme defesa (15m), mas Rafael Leão – que tanto foi servido e tanto tentou desde cedo – fez abanar as redes com um grande remate, após uma bola ao poste de Bernardo Silva.

Minuto 24, 1-0. Minuto 33, 2-0, uma grande jogada coletiva. A inteligência de jogo de Bernardo Silva entrou em ação e uma aparição no apoio a Rafael Leão na esquerda ludibriou as marcações suecas, com Matheus Nunes a aparecer nas costas dos médios e, servido por Bernardo, a atirar a contar. O 3-0 foi à boca do intervalo, em mais um lance de puro futebol: João Palhinha fez um passe longo para Nélson Semedo brilhar na receção e no duelo com Elanga até assistir Bruno Fernandes para uma finalização fácil na cara da baliza.

Para a segunda parte já não houve Pepe, Nuno Mendes e Rafael Leão (esta dupla causou muita dor de cabeça à Suécia em 45 minutos), mas houve mais golos: três em cinco minutos. A Suécia até entrou bem e à procura do golo, mas Portugal foi letal na frente: Hien errou em zona proibida e Bruno Fernandes, na cara de Olsen, tocou ao lado para o recém-entrado Bruma fazer o 4-0. Resultado que durou um minuto, porque Gyökeres (pouco fez esta noite e por muito mérito de Rúben Dias e Palhinha) deixou a sua marca ao concluir ao segundo poste um cruzamento de Holm, antes de mais uma grande jogada de Portugal resultar em nova assistência de Semedo pela direita para Gonçalo Ramos encostar na área.

Depois, depois foi a entrada de Jota, um jogo sem o ritmo de outrora… e Jota a ficar à porta do golo. Não fosse Olsen por duas vezes e Jota tinha a cartada certa para fechar na meia dúzia uma noite de glória. Não o fez, o que podia ser um 6-1 acabou num 5-2 a fechar, mas Portugal sai de mão cheia e com uma cartada importante na caminhada para o Euro, com um adversário de nível superior à maioria dos da fase de qualificação. E se é verdade que a seleção deu cartas... também sofreu dois golos, tantos quantos em todos os dez jogos do apuramento.