O Tribunal de Gondomar continuou esta quinta-feira a ouvir as testemunhas de defesa de José Luís Oliveira, ex-presidente do Gondomar e principal arguido do processo de corrupção no futebol conhecido como «Apito Dourado», noticia a Lusa.

Carlos Jesus Rodrigues, conhecido como «Carlitos», que na época 2003/2004 era jogador e capitão da Associação Desportiva de Fafe sustentou, quando confrontado com a polémica das ofertas de vários artigos aos árbitros, que «era prática nos clubes estes darem prendas».

Como exemplos dessas ofertas aos árbitros referiu vários clubes por onde passou, nomeadamente o Guimarães, Fafe e Vizela.

«Era habitual oferecerem calças de ganga, vinhos, esse tipo de ofertas que normalmente identificam um bocadinho os produtos da terra», disse, acrescentando ser também «prática habitual, e cortesia, convidar a equipa de arbitragem para um lanche».

Quanto aos jogos entre a sua equipa (Fafe) e o Gondomar, na época 2003/2004, concretamente o que se realizou fora de casa, afirmou ter sido um «jogo normalíssimo», com um resultado final de «zero a zero». «O Fafe não estava ao nível do Gondomar», acrescentou.

Gondomar «era o favorito»

A segunda testemunha de José Luís Oliveira ouvida em tribunal, António Luís Santos, que em 2003/4 treinava o Leça FC, admitiu que, no início dessa época, o Gondomar era «o potencial candidato a subir (de divisão)».

«Era o favorito. Tinha os melhores jogadores e a melhor estrutura», referiu.

Este treinador defendeu ainda «ser normal haver uma oferta de emblemas, esferográficas, ou outros artigos, em nome dos clubes aos árbitros». «É uma tradição», disse ao colectivo de juízes.

Tradição era também, segundo destacou, oferecer lanches ou jantares aos técnicos, algo que «ainda hoje se verifica», e «em todos os escalões do futebol português». «Até porque quando se convida alguém a ir a casa deve-se receber bem», sustentou o técnico.