O Ministério Público do Funchal (MP) decidiu ainda levar a julgamento, pelo mesmo crime, o presidente do Nacional, Rui Alves, e o empresário António Araújo. Por seu lado, o árbitro Augusto Duarte foi acusado pelo crime de corrupção desportiva passiva.
Em causa está o jogo Nacional/Benfica realizado a 22 de Fevereiro de 2004, arbitrado por Augusto Duarte, da Associação de Futebol de Braga.
Segundo o MP, o empresário António Araújo ficou a saber em conversa telefónica com o presidente do Nacional, Rui Alves, que o árbitro seria Augusto Duarte. De imediato, o empresário prontificou-se a falar ao juiz da partida para que beneficiasse o Nacional frente ao Benfica. «Sim. Toca a andar, está?», desafiou Rui Alves, ao que o empresário respondeu de imediato: «Pronto. Eu toco a andar mesmo. Viu?». Nesse mesmo dia, António Araújo contactou o árbitro com quem marcou um encontro.
Um «serviço» muito importante para o FCP
O Ministério Público entende que FCP tinha interesse no resultado, dado que o Benfica se encontrava em terceiro lugar na classificação e ainda não estava arredado do título.
António Araújo e Pinto da Costa estiveram reunidos a 18 de Fevereiro, facto que leva o MP a referir que o empresário estaria «duplamente mandatado» pelos presidentes do Nacional e do Porto para aliciar o árbitro.
No mesmo dia, 18 de Fevereiro, Araújo é escutado ao telefone com um membro da SAD portista a quem diz: «estive a tratar com o presidente aquela situação do Nacional». Também a 18 de Fevereiro, o empresário informa o presidente do Nacional de que já tinha falado com o árbitro: «Mas já tratei daquilo que tinha que tratar».
No dia seguinte, António Araújo volta a dizer ao membro da SAD do FCP que andava a fazer um «serviço» muito importante para o FCP. Nessa noite, o empresário encontrou-se com o árbitro, em Braga, junto ao café «Ferreira».
O Nacional venceu o jogo por 3-2 e segundo o relatório de peritagem foram apontados dois erros à equipa de arbitragem, um em benefício do Nacional e outro em benefício do Benfica.
Após a partida, empresário e árbitro combinaram assistir juntos ao jogo Porto-Manchester United, a 25.2.2004 no estádio do Dragão. António Araújo arranjou o bilhete do árbitro, que daria acesso à zona VIP, com direito a «comes e bebes». O árbitro veio mesmo a assistir ao referido jogo na companhia do empresário.
Nessa ocasião, Araújo e Duarte iriam tratar das contrapartidas pela actuação do árbitro no Nacional/Benfica. «Nós na quarta-feira, eu . . .portanto . . .junta-se, junta-se a fome à vontade de comer», referiu o empresário.
Manda quem pode, obedece quem tem juízo
Em conversa com o presidente do Nacional, o empresário António Araújo comenta a actuação do árbitro do Nacional/Benfica com a expressão: «Manda quem pode, obedece quem tem juízo». No mesmo diálogo interceptado, Rui Alves relata a conversa mantida com Pinto da Costa a respeito do jogo em causa. O presidente portista teria ficado radiante, tendo mesmo exclamado «Esses, já não nos vão chatear mais».
O presidente do Nacional concluiu a conversa dando a entender que o empresário seria compensado pela sua actuação. «Depois falamos sobre isso», referiu.
Segundo o MP, a 27 de Fevereiro de 2004, António Araújo fala com Fernando Gomes, da SAD portista, a quem pede dinheiro para pagar ao árbitro, presumivelmente, Augusto Duarte.
Fernando Gomes respondeu que apenas poderia disponibilizar a verba na segunda-feira, 1 de Março. Ao que o empresário respondeu que iria ligar ao «fiscal» (árbitro) para marcar «a vistoria» (pagamento) para terça-feira.
Esta é a terceira acusação contra Pinto da Costa, após as anteriores relativas aos jogos FCP/Estrela da Amadora e Beira-Mar/FCP.
Leia: «Pinto da Costa: acusação infundada»
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