O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) entregou terça-feira um pedido ao Ministério das Finanças para negociações suplementares sobre os aumentos salariais na administração pública, revelou hoje o presidente do sindicato, Bettencourt Picanço.

«O Sindicato requereu já ao senhor ministro das Finanças uma negociação suplementar nos termos da lei», adiantou aos jornalistas Bettencourt Picanço no dia em que se reiniciaram as negociações entre o Governo e os sindicatos da administração pública.

«Esperamos, portanto, que no prazo de cinco dias o Governo reabra o processo negocial e seja capaz de fazer aquilo que numa sociedade democrática é normal que é a negociação das condições de trabalho com as organizações sindicais», acrescentou.

Momentos antes destas declarações, o secretário de Estado da Administração Pública, João Figueiredo, ao falar aos jornalistas no final de uma reunião com a Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, reiterou que, no que diz respeito aos aumentos salariais, as negociações estão encerradas.

Confrontado com esta posição, Bettencourt Picanço defendeu que o sindicato está simplesmente a cumprir a lei.

«A lei diz que as organizações sindicais podem suscitar uma negociação suplementar requerendo-a ao Governo e que no prazo de cinco dias o Governo deverá promover a concretização dessa negociação», sublinhou.

As negociações salariais foram encerradas há uma semana com uma actualização de 2,1 por cento ¿ o que motivou que as três estruturas sindicais convocassem uma greve para dia 30 de Novembro ¿, mas estão agendadas até ao final do mês outras reuniões no Ministério das Finanças para discutir outras matérias como o subsídio de desemprego, a mobilidade especial e a aposentação.

Bettencourt Picanço aproveitou ainda para criticar o estudo que o Governo apresentou no 5º Congresso da Administração Pública, que decorreu em 29 e 30 de Outubro, em Lisboa, afirmando que quem realizou o estudo foi uma empresa que trabalha para o sector da construção civil e não a Universidade Católica, como anunciado.

O estudo sobre a Administração Pública em Portugal, apresentado no dia 29 de Outubro pelo ex-ministro Roberto Carneiro, revelou que os portugueses acham que o número de funcionários públicos é excessivo e que estes estão mal distribuídos pelos serviços.

A análise assenta em respostas de cidadãos com idades entre os 30 e os 39 anos, residentes nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto e de dirigentes da administração pública e mostra que mais de metade (55 por cento) dos cidadãos questionados diz que há funcionários públicos a mais, mas a percentagem sobe para 66 por cento quando os inquiridos são os dirigentes.

O presidente do STE disse não se lembrar nem do nome da empresa nem dos técnicos que o realizaram, mas garantiu que irá divulgar os documentos que comprovam a sua denúncia, já que os resultados do estudo não lhe merecem qualquer confiança.

«São resultados que não nos merecem qualquer credibilidade, aliás, a leitura do próprio estudo que também fizemos e apresentámos um documento ao Governo indicia que não é um estudo que mereça qualquer credibilidade, o que para nós é motivo de preocupação», rematou.