Artigo actualizado às 21h08

Cerca de 100 mil professores encheram as ruas de Lisboa e caminham, na «Marcha da Indignação», entre a Praça do Marquês de Pombal e o Terreiro do Paço. Um mar de gente, pintado com duas cores: branco pelas bandeiras e preto pelas roupas.

«Respeito», «Indignação» e «Estamos de luto pela educação» gritam os docentes.

A organização confirmou aos jornalistas que, de acordo com números da PSP, estão cerca de 100 mil pessoas na manifestação.

Ministra «não tem condições para continuar»

Mário Nogueira, da Fenprof, não podia estar mais satisfeito com o desenrolar desta «Marcha da Indignação». «Após esta manifestação com mais de dois terços da classe de professores, esta equipa ministerial não tem condições para continuar», defendeu.

A ministra já disse que 100 mil pessoas na rua «não é relevante».

Todavia, o sindicalista considera que «isto já não é um problema do Ministério da Educação, é um problema do Governo e o primeiro-ministro tem de assumir a sua responsabilidade». Mas o porta-voz do PS, Vitalino Canas, garantiu que o partido vai «olhar com atenção para os sinais», mas acrescentou que o Governo não irá mudar as suas políticas educativas.

Mário Nogueira acrescenta que «não há hipótese de diálogo com esta ministra» e que a única solução é «parar o sistema de avaliação e implementá-lo no próximo ano, de forma faseada». «Porque», justifica, «é preciso experimentá-lo antes de implementá-lo».

Muitas mulheres trazem consigo uma flor. Hoje é também Dia da Mulher e os «homens» não esqueceram de presentear as «colegas».

Nem todos os que estão na marcha são professores e fazem questão de o afirmar. Por empatia, por laços familiares ou por qualquer motivo, há quem ali esteja apenas para «apoiar» os docentes e «criticar» o Governo.

De visita ao Brasil, Cavaco Silva pediu «respeito pelo direito de manifestação».

Já o PCP defendeu que «ninguém pode ficar indiferente», principalmente o Governo.

O Bloco de Esquerda considera este protesto «uma grande moção de censura ao Governo».

Paulo Portas, líder do CDS, chama a atenção para o elevado número de professores presentes na «Marcha da Indignação» e diz que esta é «chumbo sem direito a segunda época» para a ministra.

Os magistrados do Ministério Público já se mostraram solidários com o protesto dos professores.

As centenas de autocarros que trouxeram os professores a Lisboa seguiram todos, já vazios, para a zona da Avenida da 24 de Julho, onde vão aguardar o fim da marcha.

No entanto, Mário Nogueira afirmou que nem todos os autocarros chegaram à capital. «Pelo menos 20 veículos ficaram retidos em Aveiras», garante o sindicalista. Ao PortugalDiário a GNR negou que isso tivesse acontecido.

Cerca de 120 elementos da PSP acompanham a manifestação, segundo números avançados pelo ministro da Administração Interna, Rui Pereira.