A actual crise financeira pode ser a pior desde a Grande Depressão, em finais da década de 20, ou seja, dos últimos 80 anos. Quem o dia é George Soros, multimilionário norte-americano e lendário gestor de fundos, para quem a crise ainda não acabou.

No seu décimo livro, publicado agora na Internet e intitulado «O novo paradigma dos mercados financeiros», o investidor analisa as causas desta crise e conclui que a mesma tem origem em meados dos anos 80. Na altura Ronald Reagan e Margaret Thatcher, que acreditavam numa auto-correcção dos mercados, chegavam ao poder e foi então que a regulação dos mercados bancários e financeiros se tornou mais flexível. Para Soros, esta foi a causa da actual «bolha» do mercado imobiliário e à presente crise de crédito.

O multimilionário não acredita que a recuperação que os mercados já iniciaram esteja para durar. Na verdade, diz que não deverá durar mais que seis semanas a três meses, no máximo, devendo depois ser sucedida de uma nova queda, até ao final do ano.

«Nós demos uma boa queda», disse, lembrando-se da reacção dos mercados e até do dólar, quando o JP Morgan acordou a compra do Bear Stearns, a 17 de Março. «Mas este ainda não deverá ser o fundo do poço», concluiu.

Numa entrevista dada quarta-feira em Nova Iorque, e citada pela «Bloomberg», o especulador disse acreditar que o euro e o iene vão continuar a valorizar-se face ao dólar.

Sobre as taxas de juro, diz que não deverá ser possível à Fed reduzi-las muito mais do que já fez. «Estamos perto do limite», adiantou.

Conselhos para o futuro, Soros deixa um: os bancos devem ser mais cuidadosos com o crédito que concedem.