A descida das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu (BCE) anunciada esta quarta-feira é uma medida que «devia ser tido tomada há muito tempo», disse o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), João Salgueiro.

«No caso do BCE, é sinal que passou a encarar como risco a estagnação da economia e não apenas a inflação», afirmou o banqueiro à «Lusa».

Recorde-se que o BCE, a Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed), o Banco de Inglaterra e os bancos centrais da China, Canadá, Suécia e Suíça anunciaram hoje um corte-surpresa de meio ponto percentual nas respectivas taxas de juro de referência.

João Salgueiro acredita que esta medida vai ajudar a acalmar os mercados de crédito entre os bancos, contribuindo para o restaurar da confiança entre as instituições.

O presidente da APB diz ainda que não há razões para preocupação em relação à solidez da banca portuguesa, considerando que as notícias publicadas no passado fim-de-semana sobre a existência de problemas em dois bancos nacionais de pequena dimensão são «especulação».

«Se realmente existisse algum problema, já teria acontecido alguma coisa nos últimos dias, como uma intervenção (das autoridades)», acrescentou.

O responsável foi mais à frente e sublinhou que «não há razões para pânico». Mas os próximos 3 ou 4 anos vão «ser difíceis», sustentou. «O meu conselho aos portugueses é adiarem despesas não essenciais, como fazer uma viagem a um local longínquo, por exemplo, porque estes serão anos em que não vai haver grande abundância», rematou.