Correu um boato de que Ronaldo se recusava a jogar a ponta de lança. Isso aconteceu enquanto esteve na seleção?
Não, não, não. Se há pessoa que conhece o Ronaldo, sou eu. Se ao fim de seis anos com ele não souber quais são as melhores virtudes do Ronaldo, não ando aqui a fazer nada. Uma coisa é saber quais são as virtudes dele, outra é saber onde ele gosta mais de jogar e outra ainda é saber onde a equipa precisa mais dele. E quando o treinador entende que a equipa precisa dele a guarda-redes, ele tem que jogar a guarda-redes. Isto é verdade para Ronaldo ou para Messi.
Não foi isso que aconteceu, portanto...
Não. Eu lembro-me de um jogo fantástico do Manchester United, em que ganhou em Turim à Juventus, e o Giggs jogou a ponta de lança. Não foi por isso que ficou menos jogador. Lembro-me de um jogo fantástico, em que eliminámos o Barcelona, com o Rooney a jogar atrás do lateral direito. Há algum mal nisso? Há algum mal em pensar que é o melhor para a equipa ganhar? Eu sou um renascentista do futebol.
O que é isso?
É a fase em que a arte e a técnica têm de viver de mãos dadas. Eu acredito na superior liberdade do jogador dentro de campo, o jogador têm de ter liberdade para criar, mas tem de o fazer dentro dos princípios do que é jogar coletivamente. O segredo que eu gosto de explorar como treinador é fazer esta coisa funcionar coletivamente, sem comprometer a liberdade de expressão dos jogadores.
Já agora, acredita que Cristiano Ronaldo possa ter dito a algum treinador que não aceita jogar a ponta de lança?
Não sei... Penso que não. Eu discuto as coisas todas com os jogadores, onde eles se sentem bem, onde gostam de jogar, sinto a obrigação de saber o que se passa na cabeça do jogador só de olhar para a cara dele. Mas decidir, isso é meu. É a minha decisão.
E acredita que a Federação possa ter consultado Cristiano Ronaldo antes de despedir Paulo Bento?
Não, não acredito nisso. Não penso que seja possível.
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