Foi Mota Amaral quem lançou o tema esta quinta-feira, quando questionou o primeiro-ministro, durante o debate quinzenal no Parlamento, sobre o referendo ao Tratado de Lisboa, na República da Irlanda, mas a discussão continuou mais tarde, com a deputada dos Verdes.

«Por que não pediu aos irlandeses para votarem sim ao Tratado de Lisboa», como fez o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, ou o presidente francês Sarkozy?, questionou o deputado social-democrata.

José Sócrates respondeu ao antigo Presidente da Assembleia da República e a frase acabou por gerar uma disputa animada entre o primeiro-ministro e a deputada Heloísa Apolónia.

«O Tratado de Lisboa é absolutamente fundamental para o Governo, é fundamental na minha carreira política. Como é que o senhor deputado lhe pode ter ocorrido que o referendo na Irlanda me era indiferente», disse Sócrates a Mota Amaral.

«Então foi por isso que foi negado um referendo aos portugueses? Para não pôr em causa a carreira política do engenheiro José Sócrates?», questionou a deputada Heloísa Apolónia, ouvindo do primeiro-ministro uma resposta dura.

«Está a fazer julgamentos desses? Não me julgo à sua medida; eu não faço nada em prol da minha carreira política. O que eu disse foi como é que a alguém poderia passar pela cabeça que não tinha preocupações sobre o que estava a acontecer com o referendo? Considerei que o tratado foi um marco na minha carreira política».

A deputada dos Verdes não desarmou e na réplica voltou à carga com a «carreira», acusando Sócrates de lhe «ter fugido a boca para a verdade». «Cá estaremos para ver os passos que seguirá na Europa. (...) Que há intenções, provavelmente há. O Tratado foi objecto de intenções políticas concretas, e muito provavelmente «carreiristas», de muitos líderes europeus».

Sócrates sentiu o «Estado vulnerável»

Sócrates não cede a chantagens

Governo «cedeu sob pressão»: «E se os taxistas fizerem o mesmo?»

Bloqueio dos camionistas: os números da GNR