«Foi a primeira vez que enfrentei uma situação deste tipo», desabafou o primeiro-ministro no debate quinzenal, na Assembleia da República, quando questionado por Francisco Louçã sobre a escalada dos preços dos combustíveis. «Na noite em que termina o bloqueio, a Galp aumenta o preço dos combustíveis em 1 cêntimo, quando nos mercados internacionais o preço do barril de petróleo baixou dois dólares».

«Ficamos a perceber, sem dúvidas: quando o preço do barril sobe, a Galp aumenta os preços. Quando o preço do barril desce, a Galp aumenta os preços também», afirmou o deputado bloquista, esta quinta-feira, no Parlamento.

Na resposta, José Sócrates assumiu que tirou «lições» deste bloqueio dos camionistas e deixou um desabafo: «Foi a primeira vez que enfrentei uma situação deste tipo»; «foi um momento difícil».

O primeiro-ministro admitiu que sentiu o «Estado vulnerável» e que «não se compreende que algumas infraestruturas estejam tão dependentes do abastecimento por via rodoviário», acrescentando que «estão a ser estudadas alternativas».

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Questionado pelos jornalistas, à saída, José Sócrates concretizou a vulnerabilidade do Estado. Nomeadamente no caso do aeroporto de Lisboa, cujo abastecimento de aviões esteve em causa. «É preciso criar uma rede infraestrutural. Acho que não devemos ter um aeropoto dependente de camiões-cisterna». O primeiro-ministro recordou contudo que está já decidida a construção de um novo aeroporto, e que essa situação será acautelada.

Sobre o preço dos combustíveis, Sócrates revelou ainda que esteve em S. Bento até às 1h30 da manhã, aguardando pela notícia do fim da paralisação dos camionistas, e ficou surpreendido quando foi informado que «a Galp aumentou o preço». «Compreenderá o que senti quando me disseram... Espero que fique claro que não há intervenção do Estado nos preços praticados pela Galp».

Fora do hemiciclo, o primeiro-ministro revelou que resistiu «aos impulsos» de resolver a situação com o uso da força, apesar de «todos os telefonemas» que recebeu.