Um amarelo vivo que comprime o xadrez e tem, no topo, cinco diamantes em destaque. Esta seria uma descrição quase perfeita do emblema do Boavista, mas trata-se, na verdade, da súmula da visita do Portimonense ao Estádio do Bessa, na tarde deste domingo, a contar para a 19.ª jornada da Liga.

Neste regresso ao norte, Paulo Sérgio renovou a linha defensiva, mantendo apenas Filipe Relvas, e apostando em Guga, Pedrão e Seck. Na frente, o timoneiro dos algarvios trocou Carrillo por Hildeberto Pereira, que, assim, se estreou como titular.

Quanto ao Boavista, Ricardo Paiva contou com o regresso de Pedro Malheiro, recuperado de lesão, e promoveu a titularidade de Filipe Ferreira, em detrimento de Luís Santos e Bruno Lourenço. Na antevisão, o técnico dos «axadrezados» assumiu o favoritismo e, de facto, as «panteras» assim inauguraram a partida. À boleia de Agra e Bozenik, o Boavista remeteu o Portimonense ao respetivo meio-campo, na procura do terceiro triunfo em casa para a Liga, algo que não acontece desde setembro.

No outro lado, Hélio Varela era o mais interventivo, forçando duelos «mano a mano», mas sem perigo. Num encontro que seguia equilibrado, o primeiro remate enquadrado, precisamente desferido por Varela, acabou por silenciar – e surpreender – as hostes da casa. Aos 18m, o marcador estava inaugurado, numa jogada iniciada pela direita por Hildeberto, que, num passe cruzado e rasteiro, serviu o extremo.

Pouco depois, aos 25m, quando o Boavista ainda se reorganizava para ensaiar o empate, os pupilos de Paulo Sérgio ampliaram a vantagem, por Jasper. Uma vez mais, Hildeberto assinou a assistência, depois de recuperar a posse a meio-campo. Livre de marcação – e face à defesa boavisteira apática – o ponta de lança cabo-verdiano voltou a justificar a titularidade.

Na resposta – e pressionado pela insatisfação das bancadas – Bozenik e Salvador Agra obrigaram Nakamura a brilhar.

«Quem não marca, sofre»

Este é um «lugar-comum» do futebol, mas regra capital. À passagem dos 36m,  o Portimonense sentenciou a partida e esmontou, de vez, a estratégia de Ricardo Paiva. Num livre conquistado por Hildeberto – quem mais?! – Carlinhos cobrou, com uma curva irrepreensível, o livre direto, descartando João Gonçalves do lance.

Antes do intervalo, aos 41m, Miguel Reisinho ameaçou o golo, mas o esférico beijou o poste. Era o espelho do encontro, de extrema eficácia algarvia e ineficácia boavisteira.

Desperdício e esperança

Para a segunda parte, Ricardo Paiva lançou Bruno Lourenço, em detrimento de Miguel Reisinho. Todavia, o discernimento escasseava, numa sucessão de remates «à vista» e decisões precipitadas, para desespero dos adeptos. Pela frente, o ataque boavisteiro enfrentou uma defesa tranquila, organizada e preparada para contra-atacar. Num raro rasgo ofensivo, Jasper ampliou a vantagem, aos 61m, mas o árbitro auxiliar descortinou posição irregular do avançado.

A insistência dos «axadrezados» somente deu frutos à passagem do minuto 68, quando, na sequência de um canto pela esquerda, Makouta estreou-se a marcar na Liga e alimentou esperanças na casa das panteras.

Entre trocas e adaptações táticas, o que não mudou foi o desacerto de Bozenik. Se esta foi a despedida do avançado, certamente sonharia replicar a veia goleadora do princípio da temporada. Em todo o caso, mérito seja dado à linha defensiva e, sobretudo, a Nakamura.

No último suspiro da partida, Luan sentenciou a partida, aos 90+6m, e fixou o resultado final em 1-4, replicando o resultado do encontro da primeira volta, mas, desta feita, a favor dos algarvios.

Eis os cinco diamantes do amarelo que «abraçou» os «axadrezados»: Hildeberto, Jasper, Varela, Nakamura e Carlinhos.

Reveja a história do jogo, aqui.

O triunfo permite ao Portimonense escapar à zona proibida, somando 21 pontos e subindo cinco lugares, até ao nono posto. Um autêntico pelotão na fuga à despromoção.

Há 35 anos que os «guerreiros do sul» não conseguiam fazer três golos na visita ao Boavista, e desde 2019 que não triunfavam no Bessa. Depois de exigir uma postura «mais aguerrida», Paulo Sérgio terá encontrado a fórmula para triunfar, pelo menos, nos duelos diretos. Segue-se a receção ao Arouca, no próximo sábado.

Ora, o Boavista desce uma posição, até ao 10.º lugar, e mantém os 20 pontos. Prevalece a série negativa dos «axadrezados» em casa. Na próxima jornada, a turma de Ricardo Paiva visita o Casa Pia.