O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

EDUARDO ALMEIDA, T-TEAM (MALÁSIA)

«Olá a todos,

O meu nome é Eduardo Almeida, tenho 35 anos e passei por clubes como Alenquer e Benfica, Almeirim, Atlético do Cacém, Estrela da Amadora, Naval, Real Massamá, Montejo, sub-16 do Befica, South China em Hong Kong e African Lyon FC na Tanzânia.

Trabalhei umas vezes como adjunto e outras como o técnico principal. Fui campeão distrital nos sub-16 do Benfica e venci a Liga e a Taça da Liga de Hong Kong integrando a equipa técnica de José Luís.

Iniciei a época 2012/13 ao serviço do Atlético de Renguengos, equipa que se qualificou para a última fase da extinta Série F da III Divisão e no terceiro lugar. Entretanto, recebi um convite para abrir uma academia e organizar todo o futebol juvenil do T-Team FC, equipa que limita na Superliga da Malásia. Para além disso, havia um acordo para passar posteriormente a treinador da equipa principal.

Não hesitei em voltar à Ásia, continente com o qual me identifico e onde o futebol está em plena evolução. Mas claro que adoro treinar em Portugal e espero um dia voltar. 

A Academia do T-Team já conta com 150 atletas e está presente em quase todos os escalões. Cheguei a treinador principal da equipa A a quatro jornadas do final do campeonato. Tínhamos três pontos de atraso em relação ao adversário direto. Felizmente, vencemos esse adversário fora de portas (0-4) no primeiro jogo e voltamos a vencer no segundo. Perdemos o terceiro mas precisávamos apenas de um ponto na última jornada. Felizmente, empatámos 2-2 e ficámos na Superliga. 

A Malásia tem uma cultura diversificada, com pessoas de todo o mundo. Os malaios são um povo maioritariamente muçulmano e seguem a religião e os costumes intensamente. Para além, há muita população chinesa com costumes completamente diferentes. Já para não falar de outras nacionalidades. É um país maioritariamente muçulmano mas temos acesso a tudo. 

O futebol tem muitos adeptos mas está muito interligado com a política. A maioria das equipas pertence a associações locais e é normalmente financeira e gerida por pessoas ligadas aos governos locais ou pertencentes aos sultões.

As decisões são sempre tomadas por comités e por isso é difícil introduzir algo de novo, por mais pequeno que seja. O futebol é profissional, com bons estádios e condições de treino, mas todo o investimento tem ido para os seniores. 

De qualquer forma, faltam algumas coisas que para nós são básicas, com um departamento e um posto médico no clube. A maioria dos clubes também não tem roupeiro e os jogadores têm de levar a roupa para casa, para a lavar. 

O campeonato é competitivo e há equilíbrio de qualidade entre os jogadores. Normalmente, os estrangeiros fazem a diferença mas cada equipa só pode ter dois. Ainda não há muita abertura para os estrangeiros. Na época passada, só houve três treinadores de fora. Um deles era eu. 

No futebol sénior há um investimento enorme mas isso não acontece na formação. Os jogadores começam a praticar a modalidade com idades muito avançadas, pois não existe competições para jovens, apenas seleções ou torneios espontâneos.

Neste momento já se está a iniciar a criação de academias e já se começa a ver alguma preocupação com a formação. Espero que isso melhore nos próximos tempos, pois irá contribuir para o aumento de qualidade no futebol da Malásia. .
  
Para já, vou continuar como Diretor Técnico de todo o futebol do T-Team, até que surjam novas decisões.

Até breve!

Eduardo Almeida»